IDEAÇÃO SUICIDA EM PESSOAS IDOSAS: O ISOLAMENTO SOCIAL COMO CAUSA AGRAVANTE

Alexandra Barbosa Mazoni, Silvia Virginia Coutinho Areosa, Theo de Lima Goes, Isadora Machado Amaral, Bernardo Reckziegel Bohn, Miriam Cabrera Corvelo Delboni, Jéssica da Rocha Pedroso, Pétrin Hoppe Tuchtenhagen, Thuani Rita Minussi, Ingrid Rodrigues Santana

Resumo


Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ideação suicida refere-se aos pensamentos de autodestruição e ideias suicidas, como desejos e planos que o indivíduo tem para dar fim à própria vida. Com a pandemia de COVID-19, notificada como uma epidemia mundial em 2019 pela OMS, as pessoas idosas e aquelas com comorbidades apresentaram maior vulnerabilidade a complicações com a infecção. Apesar de algumas vacinas desenvolvidas recentemente fornecerem proteção, ainda é indispensável manter o distanciamento físico até que a população seja completamente imunizada. Desta forma, a longo prazo, as medidas de distanciamento social podem afetar emocionalmente as pessoas idosas, além de poder causar transtornos psicológicos como o estresse pós-traumático e os transtornos depressivos, o que pode gerar agravamento do fator risco para suicídio. Com o intuito de contribuir com esta discussão, o presente escrito buscará, através de dados sobre comportamentos suicidas em pessoas idosas, considerando a pandemia como um fator agravante, compreender a incidência de ideações suicidas e suicídios consumados dentro desta população. Para isso, foi realizada uma revisão de estudos e pesquisas sobre a prevalência e fatores associados à ideação suicida em pessoas idosas, com foco no período pandêmico do COVID-19, considerando-se, também as tentativas e o suicídio consumado. Artigos foram buscados nas plataformas PubMed, Scielo e BVS com os descritores “ideação suicida e pandemia COVID-19”, “isolamento social e pessoas idosas”, nos idiomas português e inglês. Tendo como resultado 284 artigos encontrados, foram reduzidos para 83 após serem filtrados pelo período de publicação entre 2015 e 2021. Por meio da leitura de títulos e resumos, foram selecionados 19 artigos, em que 10 se encaixavam nos critérios, como transcorrer sobre comportamento suicida em pessoas idosas. Ademais, foi pesquisado na base de dados DATASUS para obtenção de informações acerca de ocorrências de suicídio na população idosa. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, mundialmente, cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida, por ano. No Brasil, cerca de 1.200 pessoas com 60 anos ou mais morrem a cada ano em decorrência de suicídio (OMS).  Os fatores sociais de risco relacionados às pessoas idosas são diferentes das demais faixa etárias, podendo ser perdas, principalmente de um cônjuge; doença terminal com dores incontroláveis; medo do prolongamento da vida sem dignidade, trazendo prejuízos econômicos e emocionais aos familiares; isolamento social; mudanças nos papéis sociais que lhes conferiam reconhecimento; situações de dependência física ou mental diante das quais o idoso se sente humilhado; ou então causas psiquiátricas como depressão, baixa qualidade do sono e confusão mental. Considerando os registros do DATASUS em 2019, no Brasil, foram identificados 2.103 casos de lesão autoprovocada na faixa etária acima de 60 anos de idade, sendo na sua maioria enforcamento, estrangulamento e sufocamento. Tendo em vista o contexto de pandemia que dificultou a interação social e a manutenção dos vínculos, principalmente por falta de acesso aos meios de comunicação digital e a privação de atividades rotineiras como exercícios físicos e atividades sociais em função do isolamento das pessoas idosas. É imprescindível que o idoso mantenha seus vínculos sociais, como trocas e cuidados através das plataformas digitais e telefone, podendo ser um fator protetivo contra a depressão e a ideação suicida.

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ISSN 2764-2135