PROJETOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO CONTEXTO PANDÊMICO

Iagro Cesar de Almeida, Thaís Fernanda Baier, Fabiana Rafaela Santos de Mello, Camilo Darsie de Souza

Resumo


Introdução: A população que vive nas ruas enfrenta grandes desafios sociais e, muitas vezes, a marginalização no contexto do atendimento em saúde. Tal situação foi agravada drasticamente com a pandemia de Covid-19,  tendo em vista a crise social, política e econômica que se intensifica no Brasil. Diante dessa situação, exploram-se projetos de educação em saúde e de proteção social que visam atenuar os impactos negativos da pandemia sobre as vidas destas pessoas, os quais vão de encontro ao acordado na Assembleia Geral sobre o Desenvolvimento Sustentável da ONU, em 2015, que destaca em alguns do seus objetivos sustentáveis “Redução das desigualdades”, “Saúde e bem-estar” e “Erradicação da pobreza”.  Objetivo: Problematizar projetos sociais e práticas de educação em saúde direcionadas para pessoas que vivem em situação de rua, especialmente durante a pandemia de Covid-19, a partir de suas vulnerabilidades.  Metodologia: Para o estudo utilizou-se os projetos sociais “Quarentena Sem Fome”,“ Pretas Ruas” e “Aquabox: um banho de solidariedade”. Para a problematização foi obtida bibliografia através de descritores (“Pessoas em Situação de Rua”, “Covid-19”, assim como suas traduções para o inglês) no Portal de Periódicos CAPES e SCOPUS. Como forma de tensionar o material selecionado usou-se o conceito de biopolítica articulado ao campo da educação em saúde. Resultados/discussão: O estudo demonstrou que o risco de contrair o SARS-CoV-2 e desenvolver complicações pela forma grave da doença aumenta consideravelmente em função das vulnerabilidades vividas pela população em situação de rua somadas às dificuldades de acesso aos cuidados de saúde em postos de saúde, ambulatórios de campanha ou hospitais. Tais dificuldades emergem pelas barreiras geográficas e pelo receio de discriminação por parte das pessoas que vivem nas ruas, impedindo a correta triagem, isolamento, quarentena e cuidados hospitalares para essa população. Ainda, a falta de acesso regular a suprimentos de higiene básica, como água limpa, sabão e álcool em gel, bem como o acesso a máscaras de proteção respiratória, facilitam a transmissão do vírus entre essas pessoas. Por esses motivos, destacam-se projetos como “Quarentena Sem Fome” que promove a distribuição de comida para grupos de moradores de rua, “Pretas Ruas” que realiza a  distribuição de kits de higiene masculinos e femininos e alimentos, “Aquabox: um banho de solidariedade” que visa instalar uma estrutura de contêiner destinada a higiene pessoal para quem vive nas ruas. Essas medidas se tornaram importantes ferramentas que podem ser consideradas estratégias biopolíticas que, baseadas em dados relativos aos impactos de crises sanitárias sobre a saúde desta população, visam promover a vida e orientar condutas de modo considerado positivo, promovendo, para além do acesso a itens básicos, movimentos educativos que podem ser úteis para demais momentos das vidas dos participantes. Conclusão: O acesso a higiene básica, alimentação adequada, alojamentos seguros, assistência médica de qualidade com serviço psiquiátrico disponível e auxílio financeiro são imprescindíveis para reduzir as vulnerabilidades e disparidades que essa população enfrenta a cada dia. Além disso, práticas educativas voltadas para a melhoria da qualidade de vida e controle de riscos são relevantes durante a pandemia, especialmente no que se refere à produção de sujeitos mais atentos aos perigos da situação em que vivem.


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ISSN 2764-2135