TELEPSICOTERAPIA NA PANDEMIA: A TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA POTENCIALIZADORA DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL

Kayla Niandra da Silva, Larissa Santos da Rosa, Blanka Pereira Finoketti, Stefanie Schmidt, Edna Linhares Garcia, Silvia Coutinho Areosa, Juliana Rohde, Janaíne Raquel de Borba, Eduarda Corrêa Lasta, Flávio Milman Shansis

Resumo


Durante a pandemia do COVID-19, tem-se observado o aumento do sofrimento e adoecimento psíquico, com sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Este contexto de incerteza e insegurança causado pela pandemia, fragiliza a saúde mental da população. Como enfrentamento, as tecnologias digitais e as modalidades de teleatendimento têm ganhado um espaço cada vez mais relevante no cuidado e no acesso à saúde. Nesse sentido, a telepsicoterapia online, antes vista como um recurso esporádico e de exceção, surge como uma estratégia para facilitar e aproximar os pacientes dos psicólogos em contextos de crise e isolamento social. Frente ao exposto, objetivou-se analisar e refletir sobre a adesão de sujeitos à ferramenta de telepsicoterapia durante a pandemia do COVID-19. O presente resumo é um recorte do projeto “Ensaio Clínico Randomizado com TelePsicoterapia Breve Cognitivo-Comportamental e TelePsicoterapia Breve Interpessoal, em uma amostra populacional de Transtornos do Afeto Negativo na região dos Vales do Taquari e do Rio Pardo durante e após a pandemia da COVID-19”. Caracteriza-se como uma pesquisa mista - quantitativa e qualitativa - com objetivo descritivo. Os dados foram produzidos por meio de questionário com questões objetivas e dissertativas; e de quatro sessões de teleatendimento psicoterápico individual, para as quais foram registradas evoluções individuais. Os dados quantitativos foram registrados no software Microsoft Office Excel e analisados descritivamente. Para análise dos dados qualitativos se utilizou a perspectiva da Análise de Temáticas de Braun e Clarke, pela elaboração de categorias temáticas. Por fim, os dados foram triangulados para discussão. Até o presente momento foram atendidos 124 pacientes, dentre eles 81,4% (n=101) realizaram as 4 sessões de telepsicoterapia, e 64,5% (n=80) responderam a todos os questionários. Ainda estão em curso o atendimento de 15 pacientes. A taxa de desistência foi de 6,5% (n=8). Após a quarta sessão, os pacientes referem melhora no seu estado de saúde mental, adquirindo novos sentidos no enfrentamento de problemáticas identificadas no processo de atendimento psicoterápico virtual. Nesses relatos, o atendimento psicoterápico virtual surgiu como uma ferramenta dinâmica e aceita pelos usuários, sendo uma forma de cuidado em saúde mental durante a pandemia. Emergiu a percepção de melhora dos sintomas ansiosos e depressivos, na disposição para a convivência menos conflituosa na vida cotidiana. Ao fim das quatro sessões, observou-se a dificuldade de desvinculação por parte dos pacientes, os quais, por vezes, solicitavam por mais encontros e/ou postergavam a data de término das sessões. Este movimento demonstra a construção de um vínculo terapêutico e a eficácia do atendimento virtual de psicoterapia no âmbito do cuidado em saúde mental. Conclui-se que os pacientes aderiram ao processo de telepsicoterapia, reafirmando os recursos remotos de atendimento psicológico como uma estratégia de ampliação de espaços de escuta qualificada. O teleatendimento potencializa as possibilidades da promoção em saúde mental e prevenção do suicídio em contexto de crise.

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ISSN 2764-2135