LUTO NORMAL E LUTO PATOLÓGICO: IMPACTOS FRENTE À PANDEMIA DA COVID-19

Gabriela da Luz Ceolin, Alexandra Barbosa Mazoni, Maria Antônia Bombardelli Cereser, Stefanie Schmidt, Lucas Gomes Ribeiro, Almerindo Antônio Boff, Henrique Ziembowicz

Resumo


O processo do luto se dá através da adaptação do encerramento de um ciclo. Segundo o DSM-5, esse processo pode ser definido como normal ou patológico, também denominado de Transtorno do Luto Complexo Persistente. Com a pandemia e as mais de 500 mil vítimas (agosto/2021) causadas pelo Sars-Cov-2, notificada como uma epidemia mundial em 2019 pela Organização Mundial da Saúde, muitas famílias sofreram e ainda sofrem com o processo do luto causado pela doença. Desse modo, a dificuldade em pôr fim ao ciclo pode causar, mundialmente, impactos à saúde mental de médio e longo prazo. A fim de contribuir com a discussão, o presente escrito buscará compreender a diferenciação entre luto normal e luto patológico, contextualizando o processo de luto com o cenário pandêmico. Para isso, foi realizada uma revisão de estudos e pesquisas sobre o luto e o Transtorno do Luto Complexo Persistente, com foco na pandemia da Covid-19. Artigos foram buscados nas plataformas PubMed, Scielo e BVMS com os descritores “Luto”, “Transtorno do Luto Complexo Persistente”, “Luto normal e patológico” e “Luto e pandemia”, nos idiomas português e inglês. Obteve-se como resultado 170 artigos, que foram reduzidos para 54 após serem filtrados pelo período de publicação entre 2015 e 2021. Por meio da leitura de títulos e resumos, foram selecionados 14 artigos, em que 8 se encaixavam nos critérios, tal como transcorrer sobre luto normal e patológico, dando prioridade para os escritos já em situação de pandemia. Conforme o DSM-5, a diferenciação do luto normal e o diagnóstico de luto patológico se dá pelo tempo em que o processo perdura. A pessoa enlutada passa por um período emocional complexo, geralmente aparentando estar sempre triste, com crises de choro e perda de interesse em suas atividades rotineiras. Assim como pode apresentar culpa, frustração, irritabilidade, desânimo e angústia. Esse processo possui cinco estágios: negação e isolamento; raiva; barganha; depressão; aceitação. Caracteriza-se como patológico quando o luto se apresenta persistente por mais de 12 meses entre adultos e seis em crianças, além de sintomas melancólicos, como choros frequentes. Estudos mostram que tanto a pandemia quanto às medidas adotadas para contê-la impactam a saúde mental, aumentando o risco para surgimento de sintomas de estresse, ansiedade e depressão. Os processos de terminalidade e morte foram afetados durante a pandemia, dificultando a experiência de luto. É visto que a morte de um membro altera a dinâmica do sistema como um todo e a cada um de seus integrantes individualmente, sendo a busca de apoio profissional fundamental para a elaboração do luto familiar. Diante disso, as implicações psicológicas desencadeadas pela pandemia tendem a ser mais prevalentes que o próprio acometimento pela doença. O isolamento em hospitais, por conta do vírus, está entre os principais desafios do processo de terminalidade, pois dificulta as relações no final da vida. Como uma forma de lidar com a perda e distância têm-se sugerido meios remotos de despedida e realização de rituais, como memoriais online, que as pessoas manifestam condolências. Além disso, a espiritualidade tende a ser um recurso importante para muitas famílias, podendo contribuir no enfrentamento aos desafios da vida, na adaptação e na resiliência às perdas. Contudo, compreender sobre a finitude da vida e o luto, obtendo o apoio de profissionais auxilia os sujeitos a prosseguir em um caminho rumo à superação da dor da perda.

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ISSN 2764-2135