PROJETO PROFISSIONAL DA/DO JOVEM-PPJ: ARTICULAÇÃO DE INSTRUMENTOS PEDAGÓGICOS PARA A VIDA
Resumo
Este estudo apresenta um recorte do projeto de pesquisa Educação, Trabalho e Emancipação: as experiências pedagógicas das Escolas Famílias Agrícolas do Vale do Rio Pardo – RS e tem como objetivo compreender como se articulam diferentes instrumentos pedagógicos, apresentando ênfase no Projeto Profissional do Jovem (PPJ) através da experiência de uma egressa da Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC). De modo geral, as Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) trabalham com a Pedagogia da Alternância (PA), na qual, o/a jovem é sujeito transformador de sua própria realidade, tanto em sua propriedade familiar quanto na comunidade. O/A jovem passa por três importantes etapas de ensino-aprendizagem, ou seja, no primeiro ano, pesquisa-se sobre a família e o vínculo com a terra, aprimorando seus conhecimentos sobre a propriedade; no segundo ano, associa-se à sua propriedade uma visão ampliada da sua comunidade; e, no terceiro ano, busca-se conhecer e analisar seu município para, então, elaborar um projeto que visa melhorias nas atividades produtivas já realizadas na família ou na implantação de alguma atividade que tenha potencialidade de continuidade. O Grupo de Pesquisa sistematizou um conjunto de Instrumentos Pedagógicos (IP) e as suas respectivas ações pedagógicas referentes às já mencionadas etapas realizadas em alternância. A partir disso, a metodologia deste trabalho retoma a sistematização dos IP para descrever o processo de elaboração do PPJ tomando como fonte um projeto profissional da jovem e os relatos de experiências de uma egressa. A partir disso, entende-se que: a base deste projeto está fundamentada em outros instrumentos e ações que se articulam no processo da PA. A organização do PPJ é determinada por um diagnóstico do município abordando os mais diferentes aspectos, assim como o da comunidade, observando a sua constituição, o meio agroecológico e a produção agropecuária. Para então, de forma mais minuciosa e detalhada possível, iniciar um diagnóstico da propriedade familiar, o que implica em historicizá-la. Também, destacam-se as características ecogeográficas (mapas de usos do solo e relevo, água e vegetação), de infraestrutura, de produções e criações, canais de comercialização, de recursos financeiros e fluxo de caixa, além dos aspectos culturais já estudados. Identificamos que esse processo se utiliza de um tipo de análise denominada FOFA, que nada mais é que uma ferramenta de análise de diagnóstico - Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças. Neste percurso, faz-se um planejamento estratégico com objetivos a serem alcançados a curto, médio e longo prazo, assim como um plano de ação onde estes são descritos. Dessa maneira o/às jovem analisa o potencial da sua propriedade, definindo a escolha da temática do projeto conforme as necessidades da família e da comunidade. Considerando a complexidade desse processo, algumas articulações entre IP puderam ser identificadas, são elas: 1) pesquisa e educação: presentes na Colocação em Comum, nos Planos de Estudos; 2 ) teoria e prática: Estágios de Vivências, Visitas dos Monitores/as; Área Experimental; 3) saberes da experiência e técnico-científico: Visitas Técnicas, Coletivos de Trabalho, Feira Pedagógica. Portanto, o PPJ não é apenas um projeto de escola, trata-se de uma apropriação histórica sobre o meio onde se vive, uma análise minuciosa sobre o meio agroecológico e, por fim, um projeto de vida, não só do/da estudante, mas sim de várias vidas em comunidade!
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ISSN 2764-2135