O MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE NO CUIDADO ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: PERCEPÇÕES DE USUÁRIOS DE UM SERVIÇO DE REABILITAÇÃO FÍSICA
Resumo
Introdução: As questões de saúde das Pessoas com Deficiência (PcD) sinalizam para a necessidade de mudança de paradigma na sua assistência, ainda muito focada no modelo biológico, para a consolidação de um cuidado integral. Visando a superação dessa prática de cuidado, os serviços de reabilitação especializados de atenção à saúde da PcD física buscam melhorias nos seus processos de trabalho e maior integração entre o cuidador e paciente, entendendo que esses fatores viabilizam resultados efetivos na produção de uma saúde mais qualificada. Objetivo: Analisar as percepções de usuários de um Serviço de Reabilitação Física (SRFis) acerca do modelo de atenção à saúde. Metodologia: Estudo qualitativo, analítico, tratando-se de um recorte do primeiro eixo da pesquisa-ação em curso, “Implementação da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde: estudo em um Serviço Especializado em Reabilitação Física de Referência Regional do Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio Grande do Sul”, desenvolvida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde (GEPS) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), contemplada no edital “Programa Pesquisa para o SUS: gesta~o compartilhada em sau´de – PPSUS”. O estudo está sendo realizado no Serviço Especializado de Reabilitação Física de nível intermediário, localizado no campus sede da UNISC. A coleta de dados deu-se por meio de entrevistas semiestruturadas compostas por seis questões norteadoras com usuários do SRFis, maiores de 18 anos, que utilizam o serviço há pelo menos quatro meses. As entrevistas foram realizadas em uma sala reservada no serviço, gravadas em áudio e posteriormente, transcritas e analisadas por meio da Análise de Conteúdo. Resultados: Em relação ao perfil dos 37 entrevistados, sexo masculino (n=27), com idade igual ou superior a 61 anos (n=14), predominantemente moradores do município de Santa Cruz do Sul (n=9), com escolaridade de Ensino Fundamental Incompleto (n=18). Destes, houve ocorrência da deficiência física (n=32) ou deficiência múltipla (n=05) e a maioria adquirida ao longo da vida (n=28), com prevalência dos membros inferiores como parte do corpo mais acometida (n=16). A partir das falas sobre os cuidados em saúde que recebem no serviço, grande parte destes relacionam-se com a dispensação de Órteses, Próteses e Meios Auxiliares de Locomoção. Ainda, além da garantia de acesso via SUS, os sujeitos relataram sua satisfação com a possibilidade de acesso rápido a um serviço de qualidade. O papel ordenador e coordenador do cuidado da Atenção Primária à Saúde (APS) preconizado na Rede de atenção à Saúde foi mencionado, destacando-se sua responsabilidade e atribuição de garantir o acesso articulado entre os demais níveis de atenção. Percebeu-se que muitos entrevistados permanecem vinculados à APS através de suas respectivas Unidades Básicas de Saúde e/ou Unidades de Saúde da Família de referência, bem como, fazem uso de outros serviços em outros níveis de atenção, quando necessário. Entretanto, a maioria dos cuidados neste nível de atenção não é amplo suficiente para abranger as questões da sua deficiência. Conclusão: Constatou-se que existe uma busca pela integralidade do cuidado ofertada pelos profissionais e serviços de saúde, por meio de um trabalho em rede, embora ainda sejam perceptíveis fragilidades e desigualdades para a sua total efetivação. Tal questão encontra sustentação no modelo de atenção à saúde que, em sua maioria, ainda ancora-se no modelo biomédico.
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ISSN 2764-2135