O MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE NO CUIDADO ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: PERCEPÇÕES DE USUÁRIOS DE UM SERVIÇO DE REABILITAÇÃO FÍSICA

Lucas Vinicius Fischer, Guilherme Mocelin, Charlene dos Santos Silveira, Edna Linhares Garcia, Leni Dias Weigelt, Camila Dubow, Suzane Beatriz Frantz Krug

Resumo


Introdução: As questões de saúde das Pessoas com Deficiência (PcD) sinalizam para a necessidade de mudança de paradigma na sua assistência, ainda muito focada no modelo biológico, para a consolidação de um cuidado integral. Visando a superação dessa prática de cuidado, os serviços de reabilitação especializados de atenção à saúde da PcD física buscam melhorias nos seus processos de trabalho e maior integração entre o cuidador e paciente, entendendo que esses fatores viabilizam resultados efetivos na produção de uma saúde mais qualificada. Objetivo: Analisar as percepções de usuários de um Serviço de Reabilitação Física (SRFis) acerca do modelo de atenção à saúde. Metodologia: Estudo qualitativo, analítico, tratando-se de um recorte do primeiro eixo da pesquisa-ação em curso, “Implementação da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde: estudo em um Serviço Especializado em Reabilitação Física de Referência Regional do Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio Grande do Sul”, desenvolvida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde (GEPS) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), contemplada no edital “Programa Pesquisa para o SUS: gesta~o compartilhada em sau´de – PPSUS”. O estudo está sendo realizado no Serviço Especializado de Reabilitação Física de nível intermediário, localizado no campus sede da UNISC. A coleta de dados deu-se por meio de entrevistas semiestruturadas compostas por seis questões norteadoras com usuários do SRFis, maiores de 18 anos, que utilizam o serviço há pelo menos quatro meses. As entrevistas foram realizadas em uma sala reservada no serviço, gravadas em áudio e posteriormente, transcritas e analisadas por meio da Análise de Conteúdo. Resultados: Em relação ao perfil dos 37 entrevistados, sexo masculino (n=27), com idade igual ou superior a 61 anos (n=14), predominantemente moradores do município de Santa Cruz do Sul (n=9), com escolaridade de Ensino Fundamental Incompleto (n=18). Destes, houve ocorrência da deficiência física (n=32) ou deficiência múltipla (n=05) e a maioria adquirida ao longo da vida (n=28), com prevalência dos membros inferiores como parte do corpo mais acometida (n=16). A partir das falas sobre os cuidados em saúde que recebem no serviço, grande parte destes relacionam-se com a dispensação de Órteses, Próteses e Meios Auxiliares de Locomoção. Ainda, além da garantia de acesso via SUS, os sujeitos  relataram sua satisfação com a possibilidade de acesso rápido a um serviço de qualidade. O papel ordenador e coordenador do cuidado da Atenção Primária à Saúde (APS) preconizado na Rede de atenção à Saúde foi mencionado, destacando-se sua responsabilidade e atribuição de garantir o acesso articulado entre os demais níveis de atenção. Percebeu-se que muitos entrevistados permanecem vinculados à APS através de suas respectivas Unidades Básicas de Saúde e/ou Unidades de Saúde da Família de referência, bem como, fazem uso de outros serviços em outros níveis de atenção, quando necessário. Entretanto, a maioria dos cuidados neste nível de atenção não é amplo suficiente para abranger as questões da sua  deficiência. Conclusão: Constatou-se que existe uma busca pela integralidade do cuidado ofertada pelos profissionais e serviços de saúde, por meio de um trabalho em rede, embora ainda sejam perceptíveis fragilidades e desigualdades para a sua total efetivação. Tal questão encontra sustentação no modelo de atenção à saúde que, em sua maioria, ainda ancora-se no modelo biomédico.

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ISSN 2764-2135