INVESTIGAÇÃO DA CAUSA PRIMÁRIA DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM PACIENTE PEDIÁTRICO CANINO –- RELATO DE CASO

Letícia Reginato Martins, Alexandre Jacques Zarpellon

Resumo


A incontinência urinária em caninos é compreendida como a perda involuntária de conteúdo da vesícula urinária e deve ser interpretada como um sinal clinico decorrente de alguma alteração primária de origem endócrina, comportamental, infecciosa, distúrbios neurogênicos que interferem no controle das funções de armazenamento ou esvaziamento da vesícula urinária ou ainda alterações anatômicas relacionadas as estruturas que compõem o sistema urinário inferior. A anamnese completa, os exames de imagem, a urinálise, os perfis bioquímicos e séricos, a avaliação minuciosa das funções neurológicas e os diagnósticos diferenciais podem sugerir diversas hipóteses para a causa primária, porém essa investigação pode revelar-se complexa e prolongada e não implica necessariamente na resolução do problema. O objetivo deste trabalho consistiu em relatar as diversas abordagens clínicas realizadas na tentativa de elucidar a causa da incontinência urinária em uma fêmea canina de 90 dias, sem histórico de ovariohisterectomia, trauma ou uso de qualquer medicamento que induzisse a patologia observada na paciente. As hipóteses de infecção microbiana, o uso uso de fármacos que potencialmente alterassem a função urinária, e as neoplasias foram descartadas pela anamnese, exames clínicos e complementares como possíveis causas primárias da afecção. A avaliação neurológica foi inconclusiva para lesão medular, porém nenhum achado relacionava-se com a incontinência urinária. A ectopia ureteral e a incompetência do mecanismo do esfíncter uretral (IMEU) por desequilíbrio hormonal foram as hipóteses mais plausíveis levando em conta a prevalência dessas afecções em fêmeas juvenis. Foram realizadas duas urografias excretoras na tentativa de elucidar a hipótese da existência de ureteres ectópicos, onde a primeira tentativa foi inconclusiva em virtude do conteúdo intestinal interferir na visualização das estruturas do trato urinário inferior. A segunda tentativa, apesar de permitir a visualização adequada das estruturas investigadas não foi conclusiva para esclarecer a causa primária da incontinência urinária. Foi instituído tratamento com fármacos agonistas a2-adrenérgicos e antioxidantes como terapia de suporte enquanto decorria-se a investigação. A paciente então foi encaminhada para novas pesquisas radiológicas, desta vez por tomografia computadorizada (TC) onde foi possível evidenciar uma ectopia ureteral intramural bilateral com inserções caudais ao trígono vesical e abertura de ambos os óstios em uretra proximal, realizou-se novo exame ultrassonográfico que corroborou os achados da tomografia computadorizada. Os exames de imagem foram fundamentais para elucidação da causa primária da incontinência urinária e diante os achados radiológicos a paciente foi encaminhada para exame de uretrocistoscopia para determinação do local da abertura dos óstios ureterais anômalos e posterior cirurgia reparadora que consiste na ablação por laser diodo.


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ISSN 2764-2135