PESSOAS IDOSAS COM DOENÇAS CRÔNICAS NO CONTEXTO DE PANDEMIA DA COVID-19

Isadora Machado Amaral, Silvia Virginia Coutinho Areosa, Bernardo Reckziegel Bohn, Cristiane Davina Redin Freitas, Vitor Emanuel Alves Zambarda

Resumo


O processo de envelhecimento acelerado do Brasil impõe grandes desafios à sociedade e aos sistemas de saúde, pois uma proporção significativa de idosos sofre com problemas de saúde crônicos e incapacitantes, sendo mais propícios a necessitarem de cuidados de longo prazo, consequentemente à dependência, carecendo de um cuidador. Por conta do isolamento social, devido ao coronavírus SARS-CoV-2, causador da enfermidade denominada por COVID-19, as relações interpessoais entre familiares e idosos sofreram diversos impactos. Dentre eles, o afastamento de seus membros, especialmente famílias com idosos enfermos, além dos danos emocionais e financeiros. Poucas pessoas se dispõem à profundidade de cuidar e lidar com todos os empecilhos que acompanham o dia a dia de idosos com doenças crônicas, além de que famílias contemporâneas nem sempre estão devidamente preparadas para todas as mudanças que acompanham o processo de envelhecimento, ainda mais seguido de alguma enfermidade. Assim como também é visível o descaso dos sistemas de saúde brasileiros com pessoas em idades avançadas, tanto no atendimento como para a prestação de medicamentos necessários. A partir destas observações, o trabalho busca analisar a experiência de vida de pessoas idosas com algum tipo de doença crônica no período da pandemia de COVID-19. A fim de contribuir para esta discussão, o presente estudo apoia-se em referenciais teóricos e artigos encontrados no Google Acadêmico sobre os temas envelhecimento, doenças crônicas e pandemia da COVID-19, além de resultados obtidos no projeto de pesquisa intitulado como “Isolamento Social em Idosos pela Pandemia da COVID-19” realizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Envelhecimento e Cidadania (GEPEC) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) desde 2020. A partir do contato com mais de 554 pessoas idosas residentes de Santa Cruz do Sul através de ligações telefônicas feitas pelos pesquisadores em questão, tais informações foram registradas em um formulário da plataforma Google Forms. As pessoas entrevistadas representam uma amostra de pessoas com mais de 60 anos, 87% do sexo feminino e 13% do masculino, destas, 67,4% afirmaram possuir algum tipo de doença crônica. Ademais, 73,3% dos idosos participantes demandam alguma medicação de uso contínuo. Ao serem questionados sobre como obtinham tais medicamentos durante a pandemia, muitos relataram depender de terceiros para terem acesso a eles, visto que a orientação era ficar em isolamento. Outro fato em relação a isso é sobre a complexidade de conseguirem tomar devidamente seus remédios, Gewehr et al. (2018), aponta que idosos com idades mais avançadas sentem mais dificuldade em seguir as recomendações medicamentosas, pois muitos não conseguem compreender as recomendações médicas, e tem mais facilidade em esquecer o que foi passado, como horários e quantidades. Por fim, o que fica evidente é que o sistema de prevenção, atenção e cuidados ao idoso dependente ainda é precário em todo o país, tornando-se visível a importância das políticas públicas de saúde que atendam às necessidades desta faixa etária com mais programas, ações e maior eficácia. Logo, percebemos o alto índice de idosos com doenças crônicas sem o devido auxílio, não apenas de cuidados familiares, como principalmente em relação ao Estado neste período da pandemia em especial.Gewehr, D. et al. 2018, v. 42, n. 116, pp. 179-190. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-1104201811614

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ISSN 2764-2135