AVALIAÇÃO DE UM PROGRAMA VIRTUAL DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NO SISTEMA PRISIONAL
Resumo
A Educação Permanente em Saúde (EPS) é uma política para qualificação da assistência em saúde pautada na troca de experiências, na ampliação, aprimoramento e modificação de conhecimentos aplicáveis ao cotidiano laboral, no aprendizado significativo e na transformação de práticas, de maneira transdisciplinar unindo atores da saúde, gestão, controle social e formação, motivados pela solução de problemas de forma coletiva. Com este objetivo, foi desenvolvido o Programa de Educação Permanente em Saúde – Sistema Prisional (PEPSSP), composto por uma abordagem teórica problematizadora e prática no serviço de saúde, totalmente no formato virtual, utilizando-se tecnologias de aproximação. O objetivo deste estudo foi avaliar o programa de educação permanente em saúde com foco no sistema prisional. Trata-se de uma pesquisa quantitativa-qualitativa. Os participantes inscreveram-se no programa, cuja realização da parte teórica problematizadora ocorreu em 2021 e, a parte prática, em 2022. A abordagem prática foi denominada 1ª Competição em Saúde contra a Tuberculose no Sistema Prisional (COMPETI-TB). Após a realização das duas etapas do PEPSSP, os participantes responderam um questionário virtual de avaliação. As perguntas basearam-se na teoria da EPS e foram divididas em 3 eixos: aprendizagem significativa, vivências no cotidiano de trabalho e solução de problemas de forma coletiva. Aplicou-se escala do tipo Likert, com respostas que variam de 'concordo totalmente' a 'discordo totalmente'. Na fase teórica problematizadora do PEPSSP, 301 pessoas responderam a avaliação. Destes, 161 (53,5%) eram profissionais da segurança e 92 (30,6%) profissionais da saúde. Quanto ao nível de escolaridade, 82,1% tinham ensino superior completo. Na segunda etapa, COMPETI-TB, foram inscritas 14 equipes, compostas por 119 participantes, sendo 92 (77,3%) profissionais da área da saúde. Ademais, 225 profissionais do núcleo da segurança participaram dos desafios, atuaram como produtores de atividades, ouvintes e/ou sujeitos nas ações promovidas e 13 das 14 equipes incluíram a População Privada de Liberdade (PPL), atingindo indiretamente 1.341 pessoas. Nas duas fases do PEPSSP, quanto a aprendizagem significativa, mais de 98% dos respondedores concordaram total ou parcialmente que adquiriram novos conhecimentos e que estes tiveram sentido para eles, além de serem relacionados, total ou parcialmente, aos seus conhecimentos prévios. Mais de 63,5% dos participantes afirmaram ter modificado algum conceito pré-existente e mais de 79,4% relataram que o aprendizado foi útil para o cotidiano no trabalho. Mais de 85% dos participantes se sentiram mais desafiados a aprender mais durante o programa. Um montante significativo (85,1%) expressou ter havido modificações no cotidiano de trabalho e obtido respostas às questões de sua vivência. Aproximadamente 70% dos participantes afirmaram que houve fortalecimento das parcerias intersetoriais e interinstitucionais e entre os colegas de trabalho após as duas etapas do PEPSSP. Além disso, mais de 76% dos participantes concordam totalmente que a partir das discussões foi possível construir novos pactos de convivência e práticas que aproximassem os núcleos da saúde e da segurança no sistema prisional. Assim, evidencia-se o êxito do programa, sem similares prévios documentados, e o sucesso na utilização de tecnologias de aproximação virtual para EPS, visando a qualificação e educação na saúde no contexto da assistência à PPL riograndense.
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ISSN 2764-2135