AVALIAÇÃO DE UM PROGRAMA VIRTUAL DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NO SISTEMA PRISIONAL

Victor Göttems Vendrusculo, Karine Zenatti Ely, Isabela Frighetto, Pauline Schwarzbold, Renata Maria Dotta, Paula Carvalho Gonçalves, Andréia Rosane de Moura Valim, Lia Gonçalves Possuelo

Resumo


A Educação Permanente em Saúde (EPS) é uma política para qualificação da assistência em saúde pautada na troca de experiências, na ampliação, aprimoramento e modificação de conhecimentos aplicáveis ao cotidiano laboral, no aprendizado significativo e na transformação de práticas, de maneira transdisciplinar unindo atores da saúde, gestão, controle social e formação, motivados pela solução de problemas de forma coletiva. Com este objetivo, foi desenvolvido o Programa de Educação Permanente em Saúde – Sistema Prisional (PEPSSP), composto por uma abordagem teórica problematizadora e prática no serviço de saúde, totalmente no formato virtual, utilizando-se tecnologias de aproximação. O objetivo deste estudo foi avaliar o programa de educação permanente em saúde com foco no sistema prisional. Trata-se de uma pesquisa quantitativa-qualitativa. Os participantes inscreveram-se no programa, cuja realização da parte teórica problematizadora ocorreu em 2021 e, a parte prática, em 2022. A abordagem prática foi denominada 1ª Competição em Saúde contra a Tuberculose no Sistema Prisional (COMPETI-TB). Após a realização das duas etapas do PEPSSP, os participantes responderam um questionário virtual de avaliação. As perguntas basearam-se na teoria da EPS e foram divididas em 3 eixos: aprendizagem significativa, vivências no cotidiano de trabalho e solução de problemas de forma coletiva. Aplicou-se escala do tipo Likert, com respostas que variam de 'concordo totalmente' a 'discordo totalmente'. Na fase teórica problematizadora do PEPSSP, 301 pessoas responderam a avaliação. Destes, 161 (53,5%) eram profissionais da segurança e 92 (30,6%) profissionais da saúde. Quanto ao nível de escolaridade, 82,1% tinham ensino superior completo. Na segunda etapa, COMPETI-TB, foram inscritas 14 equipes, compostas por 119 participantes, sendo 92 (77,3%) profissionais da área da saúde. Ademais, 225 profissionais do núcleo da segurança participaram dos desafios, atuaram como produtores de atividades, ouvintes e/ou sujeitos nas ações promovidas e 13 das 14 equipes incluíram a População Privada de Liberdade (PPL), atingindo indiretamente 1.341 pessoas. Nas duas fases do PEPSSP, quanto a aprendizagem significativa, mais de 98% dos respondedores concordaram total ou parcialmente que adquiriram novos conhecimentos e que estes tiveram sentido para eles, além de serem relacionados, total ou parcialmente, aos seus conhecimentos prévios. Mais de 63,5% dos participantes afirmaram ter modificado algum conceito pré-existente e mais de 79,4% relataram que o aprendizado foi útil para o cotidiano no trabalho. Mais de 85% dos participantes se sentiram mais desafiados a aprender mais durante o programa. Um montante significativo (85,1%) expressou ter havido modificações no cotidiano de trabalho e obtido respostas às questões de sua vivência. Aproximadamente 70% dos participantes afirmaram que houve fortalecimento das parcerias intersetoriais e interinstitucionais e entre os colegas de trabalho após as duas etapas do PEPSSP. Além disso, mais de 76% dos participantes concordam totalmente que a partir das discussões foi possível construir novos pactos de convivência e práticas que aproximassem os núcleos da saúde e da segurança no sistema prisional. Assim, evidencia-se o êxito do programa, sem similares prévios documentados, e o sucesso na utilização de tecnologias de aproximação virtual para EPS, visando a qualificação e educação na saúde no contexto da assistência à PPL riograndense.

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ISSN 2764-2135