AVALIAÇÃO DA PROTEÇÃO MIOCÁRDICA ENTRE AS PRINCIPAIS TÉCNICAS DE CARDIOPLEGIA EM PORTADORES DE TETRALOGIA DE FALLOT SUBMETIDOS À CIRURGIA DE CORREÇÃO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Bruno Bachmann de Quadros, Andressa Piva Vicente, Luiza Nedel Fornari, Brunna Marquezin Faustini, Eduarda Maria Simões, Emanuella Ferrigolo Grossi, Daryane Haya Mitiko Raupp Sebastião, Cristina Manera Dorneles

Resumo


INTRODUÇÃO: A Tetralogia de Fallot (TOF), principal cardiopatia congênita cianótica, corresponde a um conjunto de quatro defeitos cardíacos: defeito do septo ventricular, estenose da artéria pulmonar, dextroposição da aorta e hipertrofia ventricular direita. Um grande desafio enfrentado nas cirurgias de reparação intracardíacas é a proteção do miocárdio após a interrupção do fluxo sanguíneo. Isso depende diretamente do processo de cardioplegia, que consiste em soluções capazes de induzirem a parada cardíaca. OBJETIVO: Analisar os desfechos das principais técnicas de cardioplegia em pacientes portadores de TOF submetidos à cirurgia de correção e avaliar a proteção miocárdica de cada caso. METODOLOGIA: Realizou-se uma revisão sistemática qualitativa, com referência nas bases de dados PubMed e EMBASE. A pergunta norteadora das buscas utilizou a estratégia PICO, sendo esta: quais as técnicas de cardioplegia com melhor desfecho na proteção miocárdica em pacientes com Tetralogia de Fallot submetidos à cirurgia de correção? Usou-se os descritores “tetralogy of fallot” AND “cardioplegia” AND “surgical procedures, operative”. Os critérios de inclusão foram estudos clínicos randomizados, publicados nos últimos 10 anos, em inglês, com abordagem direcionada a portadores de TOF, procedimentos cirúrgicos operatórios e cardioplegia. Em contrapartida, como critérios de exclusão, obras duplicadas ou que não se relacionavam ao tema. PRINCIPAIS RESULTADOS: Encontraram-se 18 trabalhos, sendo selecionados 10 a partir da leitura dos títulos e resumos, por meio de triagem dupla independente. Desses, 6 artigos foram rastreados e 5 compõem esta revisão, após leitura integral e independente pelos autores alocados em duplas, totalizando 386 participantes. Os desfechos foram analisados a partir de 3 faixas etárias médias: 1) 1-2 anos, 2) 4-6 anos e 3) 6-9 anos. Considerou-se as seguintes técnicas de cardioplegia: Del Nido (DN), St. Thomas cristalóide (CST), St. Thomas sanguínea (BST), Histidina-triptofano-cetoglutarato (HTK) e uma solução cardioplégica sanguínea padrão (BC). A necessidade inotrópica foi menor no grupo DN em todas as faixas etárias quando comparada às demais soluções. Acerca da ocorrência de arritmia, na faixa etária 1 o grupo CST apresentou menos casos em relação ao grupo DN; na faixa etária 2 o grupo DN apresentou menos casos em relação aos grupos BST e HTK; na faixa etária 3 o grupo BC apresentou menos casos em relação aos grupos DN e CST. A respeito do índice cardíaco, na faixa etária 1 o grupo DN foi superior ao grupo CST; na faixa etária 2 o grupo DN superior ao grupo BST e não obteve diferença significativa sobre o grupo HTK. Quanto à necessidade de ventilação mecânica e tempo de permanência na terapia intensiva (UTI), na faixa etária 1 o grupo CST obteve melhor desempenho sobre o grupo DN em ambos os desfechos; na faixa etária 2 o grupo DN apresentou melhor desempenho sobre os grupos BST e HTK em ambos os desfechos; na faixa etária 3 o grupo BC teve melhor desempenho sobre os grupos DN e CST no desfecho tempo de UTI, e não apresentou diferenças significativas em necessidade de ventilação mecânica. CONCLUSÃO: Nota-se que a proteção miocárdica, na faixa etária 1, mostrou-se mais efetiva no grupo CST. Por sua vez, na faixa etária 2 o grupo DN foi igual ou superior em todos os desfechos, apresentando absoluta superioridade comparado à BST e HTK. Por fim, na faixa etária 3 o grupo BC apresentou melhor desempenho em relação aos grupos DN e CST.

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ISSN 2764-2135