AVALIAÇÃO DA PROTEÇÃO MIOCÁRDICA ENTRE AS PRINCIPAIS TÉCNICAS DE CARDIOPLEGIA EM PORTADORES DE TETRALOGIA DE FALLOT SUBMETIDOS À CIRURGIA DE CORREÇÃO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Resumo
INTRODUÇÃO: A Tetralogia de Fallot (TOF), principal cardiopatia congênita cianótica, corresponde a um conjunto de quatro defeitos cardíacos: defeito do septo ventricular, estenose da artéria pulmonar, dextroposição da aorta e hipertrofia ventricular direita. Um grande desafio enfrentado nas cirurgias de reparação intracardíacas é a proteção do miocárdio após a interrupção do fluxo sanguíneo. Isso depende diretamente do processo de cardioplegia, que consiste em soluções capazes de induzirem a parada cardíaca. OBJETIVO: Analisar os desfechos das principais técnicas de cardioplegia em pacientes portadores de TOF submetidos à cirurgia de correção e avaliar a proteção miocárdica de cada caso. METODOLOGIA: Realizou-se uma revisão sistemática qualitativa, com referência nas bases de dados PubMed e EMBASE. A pergunta norteadora das buscas utilizou a estratégia PICO, sendo esta: quais as técnicas de cardioplegia com melhor desfecho na proteção miocárdica em pacientes com Tetralogia de Fallot submetidos à cirurgia de correção? Usou-se os descritores “tetralogy of fallot” AND “cardioplegia” AND “surgical procedures, operative”. Os critérios de inclusão foram estudos clínicos randomizados, publicados nos últimos 10 anos, em inglês, com abordagem direcionada a portadores de TOF, procedimentos cirúrgicos operatórios e cardioplegia. Em contrapartida, como critérios de exclusão, obras duplicadas ou que não se relacionavam ao tema. PRINCIPAIS RESULTADOS: Encontraram-se 18 trabalhos, sendo selecionados 10 a partir da leitura dos títulos e resumos, por meio de triagem dupla independente. Desses, 6 artigos foram rastreados e 5 compõem esta revisão, após leitura integral e independente pelos autores alocados em duplas, totalizando 386 participantes. Os desfechos foram analisados a partir de 3 faixas etárias médias: 1) 1-2 anos, 2) 4-6 anos e 3) 6-9 anos. Considerou-se as seguintes técnicas de cardioplegia: Del Nido (DN), St. Thomas cristalóide (CST), St. Thomas sanguínea (BST), Histidina-triptofano-cetoglutarato (HTK) e uma solução cardioplégica sanguínea padrão (BC). A necessidade inotrópica foi menor no grupo DN em todas as faixas etárias quando comparada às demais soluções. Acerca da ocorrência de arritmia, na faixa etária 1 o grupo CST apresentou menos casos em relação ao grupo DN; na faixa etária 2 o grupo DN apresentou menos casos em relação aos grupos BST e HTK; na faixa etária 3 o grupo BC apresentou menos casos em relação aos grupos DN e CST. A respeito do índice cardíaco, na faixa etária 1 o grupo DN foi superior ao grupo CST; na faixa etária 2 o grupo DN superior ao grupo BST e não obteve diferença significativa sobre o grupo HTK. Quanto à necessidade de ventilação mecânica e tempo de permanência na terapia intensiva (UTI), na faixa etária 1 o grupo CST obteve melhor desempenho sobre o grupo DN em ambos os desfechos; na faixa etária 2 o grupo DN apresentou melhor desempenho sobre os grupos BST e HTK em ambos os desfechos; na faixa etária 3 o grupo BC teve melhor desempenho sobre os grupos DN e CST no desfecho tempo de UTI, e não apresentou diferenças significativas em necessidade de ventilação mecânica. CONCLUSÃO: Nota-se que a proteção miocárdica, na faixa etária 1, mostrou-se mais efetiva no grupo CST. Por sua vez, na faixa etária 2 o grupo DN foi igual ou superior em todos os desfechos, apresentando absoluta superioridade comparado à BST e HTK. Por fim, na faixa etária 3 o grupo BC apresentou melhor desempenho em relação aos grupos DN e CST.
Apontamentos
- Não há apontamentos.
ISSN 2764-2135