PREVALÊNCIA DE ESPOROTRICOSE EM FELINOS ATENDIDOS PELO HV

JOSE ANTONIO ROHLFES JUNIOR, DAIANE THOZESKI, KARLA PUNTEL ROSA, ADELINA RODRIGUES AIRES, MICHELE BERSELI, CAMILA AMARAL D ÁVILA

Resumo


A esporotricose é uma infecção micótica granulomatosa de animais e humanos causada pelo fungo dimórfico e geofílico Sporothrix schenckii, que possui evolução subaguda a crônica, restrita aos tecidos cutâneo, subcutâneo, linfático adjacente, podendo disseminar-se pelos órgãos. A suspeita clínica de esporotricose pode ser sugerida por meio do exame clínico e histórico do animal, identificando-se a presença de lesões cutâneas ulceradas de aspecto gomoso. No entanto, testes laboratoriais tornam-se indispensáveis para o correto diagnóstico. A cultura micótica é considerada o teste padrão para Sporothrix sp., mas na rotina os exames citopatológicos tem se destacado pela praticidade e alta taxa de sucesso na identificação deste fungo. Felinos são considerados os principais hospedeiros deste fungo. Seu frequente contato com a terra devido à comportamentos como esfregar-se no chão, afiar as garras em árvores, cavar buracos e cobrir dejetos com terra, o torna o principal portador sintomático ou assintomático da esporotricose. Além disso, suas relações familiares facilitam a infecção interespécies, com transmissão por mordidas ou arranhaduras, atingindo os humanos. O presente trabalho tem como objetivo quantificar os casos de esporotricose em felinos atendidos no HV/UNISC de outubro de 2020 a julho de 2022. Para tanto, foram analisados os dados dos 96 exames de citologia realizados no período. Para a realização do exame citopatológico foram coletadas amostras utilizando swabs, impressão do exsudato ou aspiração com agulha fina, com imediata fixação com álcool e coloração com panótico rápido, seguido de avaliação microscópica. Dos 96 exames de citologia, 31 amostras correspondiam a felinos, onde 9 ensaios citopatológicos revelaram infiltrado inflamatório piogranulomatoso com identificação de células fúngicas caracterizadas por leveduras pleomórficas (arredondadas, ovaladas ou em forma de naveta) de 2 a 10 mm envoltas por halo claro, livres ou fagocitadas, compatível com Sporothrix sp., representando 29% da população felina testada. Três outros felinos apresentaram infiltrado inflamatório compatível com reação à infecção fúngica, sugerindo fortemente a presença de esporotricose. Nenhum caso de esporotricose foi registrado em outras espécies. Apesar de o cultivo micológico ser considerado o padrão ouro para a confirmação da doença, a microscopia direta com coloração constitui em uma técnica rápida de identificação do fungo permitindo o estabelecimento precoce e rápido do diagnóstico. Sugere-se como confirmação de diagnóstico e realização de cultura micótica associada a exames laboratoriais complementares como hemograma e bioquímico para a certificação de inexistência de comprometimento sistêmico. Ressalta-se ainda a alta frequência de diagnósticos de esporotricose em felinos atendidos no Hospital Veterinário da UNISC.

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ISSN 2764-2135