IMPACTO DA DESPRESCRIÇÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Luísa Alves Lopes, Letícia Bennemann, Maria Antônia Bombardelli Cereser, Dennis Baroni Cruz, Rafaela Heloísa Rabuske, Marcelo Felipe Paul

Resumo


Introdução: Fármacos são ferramentas terapêuticas de papel imprescindível na medicina moderna, com cada vez mais biossegurança e tecnologia investidas na área. No entanto, a interação medicamentosa e a potencialização dos efeitos colaterais inerentes da polifarmácia demonstra-se como uma iatrogenia frequente na prática clínica fragmentada, tornando a desprescrição de drogas uma conduta necessária no cotidiano do médico da Atenção Primária à Saúde (APS). Objetivo: Compreender os benefícios e desafios da desprescrição na APS, bem como as ferramentas que auxiliam o profissional de saúde na tomada de decisões. Metodologia: Revisão narrativa da literatura, baseada no livro Tratado de Medicina da Família e da seleção de artigos na base de dados PubMed e LILACS. Como descritores, utilizou-se: “Atenção Primária à Saúde” AND “Desprescrição". Os critérios de inclusão foram artigos que responderam à pergunta norteadora: Quais os desafios da desprescrição e seu consequente impacto na prática da APS? Os critérios de exclusão foram artigos com data de publicação no período anterior ao ano de 2017, obras em duplicidade e que não demonstravam relevância com relação à temática, sendo assim, selecionados 5 artigos. Resultados: A desprescrição é definida como a retirada de um medicamento inadequado ou como o processo de análise da medicação para mostrar e resolver o paradoxo por trás do regime terapêutico (GUSSO, 2019). Nesse sentido, o relacionamento clínico entre médico e paciente incide de uma forma especial nas atitudes e comportamentos em torno da desprescrição. Em relação aos benefícios dessa medida, cabe destacar a diminuição da polimedicação, visto que ela pode aumentar a incidência de efeitos adversos e interações medicamentosas, gerando repercussões diretas sobre a saúde das pessoas e a redução de custos para o paciente e para o sistema de saúde com remédios inapropriados e cumulativos. Contudo, a desprescrição não está isenta de desafios, pois o efeito rebote após a suspensão brusca de alguns fármacos, a ênfase excessiva na solução farmacológica dos problemas de saúde e a própria resistência dos médicos para desprescrever um tratamento contribuem para que a desmedicalização ainda seja uma atividade pouco aceita na sociedade, necessitando de maiores recursos para desmistificá-la. Sendo assim, é válido ressaltar que diferentes enfoques podem ser usados para investigar e avaliar a efetividade da desprescrição: a experiência e formação dos profissionais de saúde, softwares de ajuda à prescrição ou até mesmo estratégias padronizadas que promovam a revisão de medicamentos, suas possíveis interações e efeitos como STOPP/START a o critério de Beers. Conclusão: Diante disso, os desfechos clínicos da desprescrição ainda são desconhecidos, visto que as literaturas sobre o assunto se mostram escassas. Uma vez que o foco das revisões encontradas está no sucesso da redução do número de medicamentos e principalmente os inapropriados, percebe-se que há uma insegurança dos profissionais para encorajar os pacientes com a desprescrição. Além disso, faz-se necessária a normalização da desprescrição como um conceito leve para que ela seja bem tolerada pelo indivíduo, pois estudos incluídos sugerem que ela pode ser segura, viável e pode levar a benefícios importantes.

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ISSN 2764-2135