TREINAMENTO E AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DE TÉCNICAS DE REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA AOS MORADORES DE SANTA CRUZ DO SUL, RS.
Resumo
A Parada Cardiorrespiratória (PCR) é definida como o cessar abrupto da atividade miocárdica ventricular útil, associada à ausência de respiração e à perda da consciência. No Brasil, o número de óbitos totais estimado decorrentes de PCR, tanto intra-hospitalar como extra-hospitalar, chega a 280.000 casos por ano. As manobras de reanimação cardiopulmonar, realizadas por qualquer pessoa leiga capacitada, quando iniciadas imediatamente, podem triplicar as chances de sobrevida das vítimas. Todavia, menos de 40% dos casos recebem suporte iniciado por leigos e mais de 90% das pessoas acometidas por PCR vem a óbito antes de chegarem ao pronto atendimento. Frente a esse cenário, a Liga Acadêmica do Trauma da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), projeto de extensão fundado em 2006, com o objetivo de fomentar o estudo e a disseminação do conhecimento de temas relacionados ao atendimento pré-hospitalar e a condutas de trauma, urgência e emergência, desenvolveu a atividade de extensão “Dia da Reanimação Cardiopulmonar”, a fim de ensinar o correto procedimento de manobras de reanimação para a população de Santa Cruz do Sul (RS) em casos de parada cardiorrespiratórias, e contribuir para elevar a sobrevida de uma vítima de PCR. Nesse contexto, este estudo objetiva avaliar o conhecimento prévio dos participantes, e possibilitar um treinamento contínuo, prático e guiado em habilidades de RCP à comunidade local. Trata-se de estudo descritivo-quantitativo sobre o “Dia da Reanimação Cardiopulmonar”, ação organizada pelos membros da Liga Acadêmica do Trauma, na praça de alimentação do shopping Santa Cruz, Santa Cruz do Sul/RS, no dia 20/08/2022. Com início a partir das 10h e duração até às 22h. Os participantes foram convidados a responder um questionário relacionado aos conhecimentos sobre as condutas de assistência em situações de PCR e, em seguida, instruídos sobre o correto protocolo de ressuscitação cardiopulmonar, segundo a Diretriz de Reanimação Cardiorrespiratória da American Heart Association de 2021. Em seguida, eram direcionados à prática de manobras em manequins de simulação, tanto adultos como pediátricos, com e sem a presença de desfibrilador externo automático (DEA) de treinamento. 51 pessoas participaram das estações de treinamento e 18 responderam ao questionário. Desses, 27,8% (5) afirmaram trabalhar na área da saúde ou já ter contato com instruções de RCP anteriormente, exatamente a mesma porcentagem que relatou já ter presenciado uma PCR. 44,4% (8) mencionaram não saber o que é um DEA e 72,2% não se sentiriam seguros para iniciar uma RCP. 100% (18) dos participantes avaliaram a atividade como útil e consideraram esse conhecimento fundamental para a população. Devido ao alto índice de PCR no meio extra-hospitalar, a importância do leigo em reconhecer e atuar nessa situação é fundamental para melhorar o prognóstico da vítima. No entanto, percebeu-se que a maioria da amostra estudada não estava capacitada ou não se sentia segura para atuar em uma situação de PCR. Por isso, destaca-se a importância da capacitação contínua e de atividades de extensão, como a Liga do Trauma da UNISC, capazes de dialogar com a comunidade através de ações disseminadoras de conhecimento, de forma pública, frequente e escalável e possibilitar a prática de habilidades por meios simulados e realísticos, com potencial de salvar vidas quando aplicadas corretamente em contexto real.
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ISSN 2764-2135