A PRESCINDIBILIDADE DA RESPIRAÇÃO BOCA A BOCA DURANTE A MANOBRA DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP) EM AMBIENTE EXTRA-HOSPITALAR: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA.

Kascinelle Alessandra Rehbein Kaercher, Doris Medianeira Lazzarotto Swarowsky, Guilherme Danezi Piccini, Gabriela Baierle de Medeiros, João Vitor Milbradt dos Santos, João Arthur Marques Lima, Geórgia Boff Monteiro, Gabriel Delai de Freitas, Maria Eduarda Martini Rousselet

Resumo


A parada cardiorrespiratória (PCR) é como se denomina a suspensão inesperada e abrupta das funções cardíacas e respiratórias, com consequente rebaixamento de consciência. A intervenção desse quadro é dada pela urgência em iniciar a manobra de ressuscitação cardiopulmonar (RCP), a qual, anteriormente, dava-se pela sequência de trinta compressões torácicas manuais, seguidas por duas ventilações, após acionar o serviço de atendimento médico. Entretanto, as atualizações dos protocolos em RCP declararam a dispensabilidade da ventilação por respiração boca a boca e a necessidade de uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto. O objetivo deste estudo é analisar os critérios de indicação ou não das técnicas de ventilação durante a RCP realizada por leigos no ambiente extra-hospitalar e seus resultados. Trata-se de uma revisão sistemática, com pesquisa nas bases de dados ScienceDirect e PubMed, a partir dos descritores “Heart arrest”, “Resuscitation”, “Guidelines”, “Ventilation” e “Mouth to mouth”. Foram incluídas no estudo publicações entre 2007 e 2020, em inglês, português e espanhol. Os critérios de exclusão basearam-se no desvio da temática a ser analisada. De 78 artigos encontrados, foram analisadas 6 revisões sistemáticas da literatura e 1 estudo observacional, em que se acompanhou 4.068 pacientes adultos que sofreram PCR fora do hospital. Os indivíduos que receberam apenas as compressões torácicas obtiveram resultados neurológicos mais favoráveis ??durante a recuperação do que os indivíduos que receberam a RCP com ventilação. Essa melhor relação deu-se em pacientes com apneia, com ritmo chocável ou com ressuscitação iniciada dentro de 4 minutos após a parada. 2.917 pessoas não receberam nenhum tipo de intervenção durante a PCR, contudo, o estudo demonstra que qualquer técnica de reanimação apresenta melhor prognóstico neurológico ??do que nenhuma reanimação. Evidencia-se que o manejo da PCR em adultos, com ênfase em compressões torácicas de qualidade e sem interrupções, está associado a maior sobrevida no ambiente extra-hospitalar quando comparado a condutas que preveem a respiração boca a boca como elemento imperativo - técnica que não demonstrou evidência de qualquer benefício sobre as demais envolvidas. Esse panorama é justificado à medida em que a manobra de RCP realizada por leigos, consoante à literatura analisada, está sujeita a pausas e impasses, com frequência, devido às inseguranças na execução da técnica ventilatória, seja por não saber como realizar essa respiração de resgate, seja por receio do contato com a boca e a saliva do desconhecido. Os estudos ainda revelam que somente as compressões torácicas, contínuas e sem interrupções, permitem que a pressão de perfusão cerebral atinja um nível de sustentação da vida até que o serviço médico chegue ao local. Todavia, quando há a interrupção das compressões torácicas, toda a perfusão é descontinuada. Portanto, a manobra de RCP realizada com a frequência ideal, sem interrupções e sem hesitações, a partir dos critérios destacados, demonstra resultados favoráveis de sobrevida ao indivíduo em fase de recuperação. Assim, a melhor conduta preconizada para os casos de PCR em adultos fora do ambiente hospitalar, quando o primeiro atendimento for prestado pelo público leigo, é a realização das compressões torácicas manuais e a dispensa das técnicas de ventilação.

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ISSN 2764-2135