A PRESCINDIBILIDADE DA RESPIRAÇÃO BOCA A BOCA DURANTE A MANOBRA DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP) EM AMBIENTE EXTRA-HOSPITALAR: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA.
Resumo
A parada cardiorrespiratória (PCR) é como se denomina a suspensão inesperada e abrupta das funções cardíacas e respiratórias, com consequente rebaixamento de consciência. A intervenção desse quadro é dada pela urgência em iniciar a manobra de ressuscitação cardiopulmonar (RCP), a qual, anteriormente, dava-se pela sequência de trinta compressões torácicas manuais, seguidas por duas ventilações, após acionar o serviço de atendimento médico. Entretanto, as atualizações dos protocolos em RCP declararam a dispensabilidade da ventilação por respiração boca a boca e a necessidade de uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto. O objetivo deste estudo é analisar os critérios de indicação ou não das técnicas de ventilação durante a RCP realizada por leigos no ambiente extra-hospitalar e seus resultados. Trata-se de uma revisão sistemática, com pesquisa nas bases de dados ScienceDirect e PubMed, a partir dos descritores “Heart arrest”, “Resuscitation”, “Guidelines”, “Ventilation” e “Mouth to mouth”. Foram incluídas no estudo publicações entre 2007 e 2020, em inglês, português e espanhol. Os critérios de exclusão basearam-se no desvio da temática a ser analisada. De 78 artigos encontrados, foram analisadas 6 revisões sistemáticas da literatura e 1 estudo observacional, em que se acompanhou 4.068 pacientes adultos que sofreram PCR fora do hospital. Os indivíduos que receberam apenas as compressões torácicas obtiveram resultados neurológicos mais favoráveis ??durante a recuperação do que os indivíduos que receberam a RCP com ventilação. Essa melhor relação deu-se em pacientes com apneia, com ritmo chocável ou com ressuscitação iniciada dentro de 4 minutos após a parada. 2.917 pessoas não receberam nenhum tipo de intervenção durante a PCR, contudo, o estudo demonstra que qualquer técnica de reanimação apresenta melhor prognóstico neurológico ??do que nenhuma reanimação. Evidencia-se que o manejo da PCR em adultos, com ênfase em compressões torácicas de qualidade e sem interrupções, está associado a maior sobrevida no ambiente extra-hospitalar quando comparado a condutas que preveem a respiração boca a boca como elemento imperativo - técnica que não demonstrou evidência de qualquer benefício sobre as demais envolvidas. Esse panorama é justificado à medida em que a manobra de RCP realizada por leigos, consoante à literatura analisada, está sujeita a pausas e impasses, com frequência, devido às inseguranças na execução da técnica ventilatória, seja por não saber como realizar essa respiração de resgate, seja por receio do contato com a boca e a saliva do desconhecido. Os estudos ainda revelam que somente as compressões torácicas, contínuas e sem interrupções, permitem que a pressão de perfusão cerebral atinja um nível de sustentação da vida até que o serviço médico chegue ao local. Todavia, quando há a interrupção das compressões torácicas, toda a perfusão é descontinuada. Portanto, a manobra de RCP realizada com a frequência ideal, sem interrupções e sem hesitações, a partir dos critérios destacados, demonstra resultados favoráveis de sobrevida ao indivíduo em fase de recuperação. Assim, a melhor conduta preconizada para os casos de PCR em adultos fora do ambiente hospitalar, quando o primeiro atendimento for prestado pelo público leigo, é a realização das compressões torácicas manuais e a dispensa das técnicas de ventilação.
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ISSN 2764-2135