COLETIVO DE EXTENSÃO E PESQUISAS ANTICAPACITISTAS DO INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA UFRGS: ACOLHIMENTO À POPULAÇÃO EM VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E PROMOÇÃO DE DEBATES ACERCA DO CAPACITISMO
Resumo
Este trabalho apresenta a criação de um grupo de estudos e debates em formato remoto, digital, durante a pandemia e até o presente momento, para discutir o capacitismo e seus efeitos na sociedade e indivíduo. A experiência de vida das pessoas com deficiência é atravessada por constantes violações de direitos humanos, desde os aspectos envolvendo a falta de mobilidade e de acesso, à vida e a lugares públicos, até práticas cristalizadas de violência, de discriminação e de negligência perpetradas pela sociedade capacitista. Essas experiências de preconceito e de discriminação produzem diminuição da autoestima, isolamento e maiores agravos à saúde mental e emocional, tanto das pessoas com deficiência como as de suas famílias, as quais participam de certa forma das experiências no dia a dia. Em decorrência das cotas para ingresso de pessoas com deficiência nas universidades públicas, a partir de 2018, mesmo com as resistências existentes, houve maior acesso desses(as) estudantes no universo acadêmico, explicitando a necessidade de ampliarmos as práticas de ensino-pesquisa-extensão no campo das deficiências. A partir dessa necessidade, surge o Coletivo de Extensão e Pesquisas Anticapacitistas do Instituto de Psicologia da UFRGS (CEPAC), com o objetivo de promover espaços de trocas teórico-práticas sobre o capacitismo junto a comunidade e produzir conhecimentos que sustentem uma formação acadêmica e social anticapacitista, baseando-se na articulação teórica entre o Modelo Social da Deficiência, a Teoria Feminista Negra e a Psicologia Social e Institucional. Assim, evidencia-se o interesse do projeto em estudar e abordar a interseccionalidade entre deficiência, raça e gênero, reconhecendo que as minorias sociais são atravessadas, de certa forma, por inúmeras violências no dia a dia e invisibilizadas pela sociedade heteronormativa. Baseando-se nestas premissas, o CEPAC desenvolve ações anticapacitistas, antirracistas e antisexistas de promoção à saúde. A metodologia utilizada se concentra na realização de Rodas de Conversas abertas à comunidade em geral e na organização de lives quinzenais, pela rede social Instagram. As rodas de conversas vêm sendo compostas por estudantes de graduação, pós-graduação, capacitações e por pessoas com e sem deficiência, dentro e fora do ambiente acadêmico. Esse ambiente diverso possibilita trocas de saberes, compartilhamento de vivências e de acolhimento, podendo apresentar múltiplos pontos de vista sobre o mesmo cenário, além de possuir um grande potencial de enfrentamento, de empoderamento e de resistência sob as formas de opressões estruturais citadas acima que se atravessam com a temática da deficiência. A horizontalidade de conhecimento entre professores, alunos e pessoas em geral que compõem esta modalidade são essenciais para o avanço e crescimento das discussões e lutas anti opressoras que são discutidas tanto em formato de seminário como conversar informais que tem cunho de aprendizado e conhecimentos para fim de práticas e pesquisas.
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ISSN 2764-2135