COLETIVO DE EXTENSÃO E PESQUISAS ANTICAPACITISTAS DO INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA UFRGS: ACOLHIMENTO À POPULAÇÃO EM VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E PROMOÇÃO DE DEBATES ACERCA DO CAPACITISMO

Sara Noemi da Silva Oliveira, Raquel da Silva Silveira, Ana Clara Jardim da Silva, Giano dos Reis Rezende, Leandro Peratz Gomes, Gabrielle do Nascimento Rasquinha

Resumo


Este trabalho apresenta a criação de um grupo de estudos e debates em formato remoto, digital, durante a pandemia e até o presente momento, para discutir o capacitismo e seus efeitos na sociedade e indivíduo. A experiência de vida das pessoas com deficiência é atravessada por constantes violações de direitos humanos, desde os aspectos envolvendo a falta de mobilidade e de acesso, à vida e a lugares públicos, até práticas cristalizadas de violência, de discriminação e de negligência perpetradas pela sociedade capacitista. Essas experiências de preconceito e de discriminação produzem diminuição da autoestima, isolamento e maiores agravos à saúde mental e emocional, tanto das pessoas com deficiência como as de suas famílias, as quais participam de certa forma das experiências no dia a dia. Em decorrência das cotas para ingresso de pessoas com deficiência nas universidades públicas, a partir de 2018, mesmo com as resistências existentes, houve maior acesso desses(as) estudantes no universo acadêmico, explicitando a necessidade de ampliarmos as práticas de ensino-pesquisa-extensão no campo das deficiências. A partir dessa necessidade, surge o Coletivo de Extensão e Pesquisas Anticapacitistas do Instituto de Psicologia da UFRGS (CEPAC), com o objetivo de promover espaços de trocas teórico-práticas sobre o capacitismo junto a comunidade e produzir conhecimentos que sustentem uma formação acadêmica e social anticapacitista, baseando-se na articulação teórica entre o Modelo Social da Deficiência, a Teoria Feminista Negra e a Psicologia Social e Institucional. Assim, evidencia-se o interesse do projeto em estudar e abordar a interseccionalidade entre deficiência, raça e gênero, reconhecendo que as minorias sociais são atravessadas, de certa forma, por inúmeras violências no dia a dia e invisibilizadas pela sociedade heteronormativa. Baseando-se nestas premissas, o CEPAC desenvolve ações anticapacitistas, antirracistas e antisexistas de promoção à saúde. A metodologia utilizada se concentra na realização de Rodas de Conversas abertas à comunidade em geral e na organização de lives quinzenais, pela rede social Instagram. As rodas de conversas vêm sendo compostas por estudantes de graduação, pós-graduação, capacitações e por pessoas com e sem deficiência, dentro e fora do ambiente acadêmico. Esse ambiente diverso possibilita trocas de saberes, compartilhamento de vivências e de acolhimento, podendo apresentar múltiplos pontos de vista sobre o mesmo cenário, além de possuir um grande potencial de enfrentamento, de empoderamento e de resistência sob as formas de opressões estruturais citadas acima que se atravessam com a temática da deficiência. A horizontalidade de conhecimento entre professores, alunos e pessoas em geral que compõem esta modalidade são essenciais para o avanço e crescimento das discussões e lutas anti opressoras que são discutidas tanto em formato de seminário como conversar informais que tem cunho de aprendizado e conhecimentos para fim de práticas e pesquisas.

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ISSN 2764-2135