PSICANÁLISE NO SUS: POSSIBILIDADES PARA ALÉM DA CLÍNICA

Luisa Klix de Abreu Pereira, Suelen Ferreira, Tamiris Coimbra Boeira, Alice Rosa Tuchtenhagen, Cristiane Davina Redin Freitas

Resumo


Desde a criação do campo de saúde mental dentro do Sistema Único de Saúde houve um constante crescimento de profissionais da psicologia na saúde pública, visando garantir uma ampliação das possibilidades de saúde mental para além do saber médico. Com isso, foi possível perceber certa necessidade de um olhar psicanalítico nesses espaços, considerando que os objetivos das políticas públicas se assemelham ao entendimento psicanalítico de saúde e autonomia, promovendo saúde com foco na autonomia dos sujeitos, e não mais nas patologias. Porém, mesmo com a finalidade de ampliar o campo de prática da psicanálise a fim de abarcar os sujeitos que não são ouvidos, ainda há controvérsias sobre o fazer psicanalítico para além da clínica tradicional. Assim sendo, essa produção é um recorte da pesquisa “Orientação Psicanalítica na Rede de Saúde Mental do SUS: Um Entrelaçamento Possível?” fruto da disciplina Pesquisa em Psicologia I e II do curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Nela, objetivou-se investigar e discutir a aplicabilidade da técnica psicanalítica por psicólogos fora do cenário clínico. Para isso, foi problematizado o entrelaçamento entre a técnica e o Sistema Único de Saúde (SUS) em uma cidade do interior do estado do Rio Grande do Sul onde a rede de saúde mental conta com sete psicólogos, divididos entre os Centros de Atenção Psicossocial adulto e infantojuvenil (CAPS I e CAPS IJ) e Atenção Básica. Visando alcançar o objetivo, foram realizadas entrevistas com os profissionais e uma posterior análise qualitativa dos dados. Para o manejo dessa produção, utilizou-se a técnica denominada Análise de Conteúdo de Bardin. Esta Análise de Conteúdo é um conjunto de técnicas de investigação que tem como finalidade a interpretação da comunicação (BARDIN, 2009). A partir dos resultados foi possível chegar a três categorias: 1) O SUS, atenção psicossocial e psicologia; 2) Aplicabilidade da técnica psicanalítica para além da clínica tradicional e 3) Cura e sintoma x saúde-doença. Mediante isso, notou-se que a técnica psicanalítica além de auxiliar no entendimento dos sujeitos, é capaz de pensar ações de promoção de saúde enquanto um dispositivo diferenciado de acolhimento dentro dos serviços de saúde mental. Logo, foi possível compreender que ela propriamente dita não mostrou nenhuma limitação em sua teoria. Entretanto, os impasses encontrados são referentes às dinâmicas dos serviços públicos de saúde, como por exemplo: limitação de tempo com os pacientes por conta da grande demanda; a pressa dos mesmos para a eliminação de um sintoma; a utopia da “cura”; o lugar do analista e como o sujeito é percebido dentro de sua singularidade e subjetividade. Bardin, L. (2004) Análise de conteúdo. 3. Lisboa: Edições 70


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ISSN 2764-2135