FLUXOS MIGRATÓRIOS CONTEMPORÂNEOS NOS VALES DO RIO PARDO E TAQUARI: ALGUNS APONTAMENTOS.
Resumo
A presente escrita se desdobra a partir do projeto de pesquisa Migração e processos de in/exclusão, que compõe o grupo de pesquisa Políticas públicas, inclusão e produção de sujeitos. O grupo busca investigar o imperativo da inclusão em sua interlocução com outras temáticas, a saber a migração. Pesquisas anteriormente produzidas pelo grupo apontaram o encontro da inclusão com a chamada crise migratória. A pesquisa busca compreender como estão organizadas as estratégias biopolíticas e práticas de governo dos fluxos migratórios nos municípios gaúchos de Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Lajeado, localizados nos Vales do Rio Pardo e do Taquari. Para tanto, elegeu-se enquanto materialidade de pesquisa as matérias legislativas destes três municípios, entre os anos de 2013 e 2017. A fim de ampliar o entendimento acerca de tais fluxos, foram produzidos dois infográficos, com dados referentes a janeiro de 2010 a abril de 2020, sobre os pedidos de registro nacional migratório no estado do Rio Grande do Sul. O presente trabalho tem por finalidade articular os dados produzidos a partir das matérias legislativas com os achados a partir dos infográficos. A partir da escolha destes três municípios e do levantamento de dados, observa-se diferenças significativas no fluxo migratório nestas cidades. Apesar de Santa Cruz do Sul ser a maior cidade entre os três municípios, recebeu um número pouco significativo de pedidos de registro migratório no período abarcado pelos infográficos, totalizando 327 pedidos. Destacam-se migrantes colombianos (56), estadunidenses (27), chineses e alemães (23), sendo importante assinalar que, consideradas as nacionalidades de parte deste contingente, pode-se dizer que o município não se constitui como destino prioritário para migrantes forçados a sair de seus países. Já Lajeado, cidade polo do Vale do Taquari com cerca de 70 mil habitantes, recebeu um expressivo número de pedidos de registro migratório no mesmo período, 1088 solicitações. Haitianos encabeçam a lista com 627 pedidos, seguidos por colombianos (153), bengaleses, argentinos e senegaleses (35). Um dos elementos que contribui para o expressivo número de migrantes em Lajeado pode ser compreendido a partir da característica laboral no município, que possui uma forte indústria alimentícia, especialmente frigoríficos. Por outro lado, Venâncio Aires possui um fluxo distinto. No período, recebeu 52 solicitações, sendo destaque 36 haitianos, 6 colombianos e 6 uruguaios. Entretanto, cabe assinalar que, em Venâncio Aires, o contingente de migrantes tem crescido desde 2019, especialmente pela chegada de migrantes venezuelanos, sendo que, em maio de 2022, o número de migrantes na cidade era de 429 venezuelanos, 60 haitianos, 12 salvadorenhos, 7 colombianos, 2 uruguaios e 1 africano (nacionalidade não especificada). Neste cenário, entende-se que cabe uma análise mais específica dos movimentos realizados em Venâncio Aires, visto que o município está se consolidando como um lugar de acolhimento aos migrantes.
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ISSN 2764-2135