OS SENTIDOS DO TRABALHO VOLUNTÁRIO EM UM CVV DO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Resumo
A pandemia de COVID-19 causou mudanças impactantes na saúde mental da população mundial, as medidas protetivas contra o coronavírus e o novo modo de viver desencadearam uma série de sentimentos e emoções diante do contexto, dentre estes: medo, angústia, solidão e estresse. (BROOKS et al., 2020); O distanciamento social, o acúmulo de atividades e dificuldades econômicas e financeiras, que atingiram grande parcela da população em situação de vulnerabilidade, provocaram a busca de auxílio em organizações voluntárias. O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma associação brasileira sem fins lucrativos composta por voluntários dispostos a escutar a população, contando com capacitações para pessoas acima de 18 anos com interesse em auxiliar em situações de sofrimento em saúde mental. A partir do número nacional 188, apoios emocionais são oferecidos de forma remota e gratuita. A pesquisa buscou compreender os sentidos do trabalho voluntário durante a pandemia com atuantes de um Centro de Valorização da Vida (CVV) no interior do Rio Grande do Sul. Para tal investigação foi utilizada a abordagem qualitativa e realizadas entrevistas semiestruturadas com dez questões norteadoras para quatro voluntários. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC através do parecer nº 54190221.6.0000.5343. Cabe salientar que os voluntários entrevistados não divulgaram materiais teóricos e de capacitação do programa, pois estes dados são preservados pelos voluntários ativos. A coleta de dados foi interpretada através da Análise de Conteúdo de Minayo, separada por eixos temáticos e categorias de análise, investigando os relatos por meio da Psicodinâmica do Trabalho, os desafios da prática e os interesses pela busca e permanência na realização de atividades voluntárias. Dentre os eixos organizados na pesquisa, foram escolhidos para este resumo os seguintes: “Práticas, experiências e sentidos do Trabalho Voluntário no CVV” e “A presença do trabalho voluntário do CVV na pandemia". A partir dos dois eixos foram selecionadas categorias de análise que identificaram, por meio das entrevistas e do material acadêmico anteriormente produzidos, que os preceitos do CVV seguem parte dos filosóficos humanistas da Abordagem Centrada na Pessoa de Carl Rogers e que a prática de apoio emocional apresentada pelos voluntários está relacionada ao acolhimento. Relacionado ao outro eixo, os processos de trabalho foram adaptados brevemente do posto físico de atendimento para home office dos voluntários, respeitando as medidas protetivas contra o vírus e o apoio emocional continuou individualizado como no período anterior à pandemia. Compreende-se que os sentidos do trabalho voluntário do CVV durante a pandemia estiveram ligados ao processo subjetivo de transição dos voluntários do atendimento no posto presencial para o home-office, com sentimentos relacionados ao medo e a solidão da atividade e do contexto social de isolamento, congruentes com as demandas de quem também buscava atendimento. Esta temática é sensível, pois interfere diretamente na categoria da psicologia, do trabalho formal e na diversidade de trabalho voluntário, mas discussões como estas podem potencializar pesquisas e novas construções em contribuição à saúde mental da população brasileira. Palavras-chave: Saúde Mental; Pandemia; Trabalho Voluntário; CVV. BROOKS et al., 2020. DOI: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30460-8
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ISSN 2764-2135