POR QUE ENSINAR CIÊNCIAS (QUÍMICA)?

Resumo

A Ciência é caracterizada por uma preocupação contínua, que não se priva em
somente conhecer os fenômenos que acontecem em nosso meio, mas também
em descrevê-los e propor teorias racionais que possam explicar como estes
ocorrem. À medida que a humanidade se moderniza, a Ciência se torna cada vez
mais importante devido à sua natureza e, sobretudo ao seu desenvolvimento,
visando progredir e beneficiar tanto o planeta como toda a humanidade, deixando
de ser um assunto meramente de cientistas, e interessando os cidadãos em geral.
Um tema que vem ganhando grande destaque pelo decorrer dos anos e é uma
das preocupações da Ciência, é a questão reciclagem. O ato de reciclar tomou
tamanha necessidade e importância, que tem sido a medida adotada por vários
países a fim de diminuir o desperdício e a geração de resíduos. O desperdício é o
grande precursor da produção exagerada de resíduos, uma vez que muitas
pessoas não possuem a consciência da proporção do problema que podem
ocasionar ao dar continuidade a tais atitudes. Um dos tipos de lixo que é gerado
em maior volume é o papel, proveniente das fibras de celulose, extraídas da
madeira, porém, ele tem a vantagem de poder ser reciclado.
Desta forma, a Ciência é um tema que deve ter atenção especial no ambiente
escolar, que muitas vezes remete essa, instintivamente, como um conjunto de
fatos aparentemente isolados e estáticos, que aparecem enunciados nos livros, e
estão distantes do cotidiano dos estudantes. A responsabilidade em ensinar
Ciência é buscar que os estudantes se transformem, com o intermédio do ensino,
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em cidadãos mais críticos. A Ciência exerce uma grande influência na vida
cotidiana, a ponto de ser difícil imaginar como seria o mundo atual sem a sua
contribuição ao longo do tempo, pois o conhecimento científico ajuda a
compreender o mundo e suas transformações, uma vez que este mostra que há
sempre inúmeras explicações por trás de tudo o que acontece e estimula,
portanto, a reflexão e a formulação de hipóteses. Para se colocar em prática estes
ideais, se faz necessária a intervenção da escola, que está onipresente na vida da
maioria da população, e vive em (in)constantes mudanças dentro do seu
ambiente. E essas transfigurações refletem com muita intensidade o cotidiano
escolar, uma vez que esta passa de emissora à receptora de conhecimento. No
entanto, é de extrema importância analisar as transformações ocorridas na
escola, em um breve espaço de tempo, visto que ela também possui suas
limitações. Comparando-se uma escola de antigamente com as atuais percebe-se
que não ocorreram muitas mudanças, pois são os mesmos conteúdos, a mesma
pedagogia, a mesma organização da sala e fomentação da aprendizagem
centrada na memorização e no individualismo. No entanto, percebem-se grandes
mudanças de hábitos dos estudantes, que interferem diretamente no cotidiano
escolar atual destacando-se: a tecnodependência, as contínuas ofertas de novas
tecnologias tornam nossas salas de aula mais exigentes; a hiperconectividade,
principalmente através das redes sociais; a aceleração da chegada à
adolescência; crescimento progressivo da presença de drogas e entorpecentes
invadindo e modificando a escola. Em vista a tantas mudanças, a escola tenta
adequar-se às inúmeras adversidades, e percebe o quão necessário é preciso
que essa “nova escola”, seja menos disciplinar. É preciso repensar na formulação
das aulas, uma vez que, as mudanças aconteceram, e é necessário nos
adequarmos a ela, para que possamos extrair somente o melhor que as
tecnologias e as novas maneiras de ensino, onde se prioriza a construção do
conhecimento, assim como, o bem-estar do estudante, tem a nos oferecer. Em
vista disto, pensou-se em uma aula diferenciada referente à reciclagem. A partir
dos conceitos reciclar, aprender a reutilizar e alfabetizar cientificamente, foi
elaborado um projeto denominado de “Ciclo da aprendizagem”, com o objetivo de
introduzir de forma científica o estudo sobre reciclagem do papel. Objetivou-se
que, através do ensino, do conjunto de conhecimentos que serão adquiridos, os
alunos possam interpretar o mundo, compreender e refletir sobre a necessidade
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de transformá-lo. E assim, tornar-se agentes de transformações para melhorar o
mundo em que se vive. O projeto está sendo realizado durante as Oficinas, nas
turmas de Ensino Fundamental, de 4° a 9º anos, e também 1° do Ensino Médio,
vindos de outras escolas, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Menino
Deus – (E.M.E.F. Menino Deus). A proposta foi desenvolvida da seguinte forma:
inicialmente pediu-se a cada aluno que trouxessem folhas de papel usadas para
Oficina, a fim de aprender como reciclá-las; após esse processo, foi lançada a
sugestão de montar um caderno, sendo que a capa e contracapa deveriam ser
feitas desse material reciclado em aula; cada aluno montou seu próprio caderno,
seguindo um modelo escolhido pela turma. Concluída a sua montagem, este
estava pronto para ser utilizado durante as aulas da Oficina de Química que
ocorre semanalmente. Os estudantes entusiasmaram-se com a proposta didática
inovadora, e, instigados, colaboraram para que o projeto se desenvolvesse de
modo organizado e muito participativo, percebendo a importância da reciclagem
do papel na elaboração de seus cadernos, sentindo-se motivados ao empregarem
seu produto para anotações referentes aos demais conteúdos a serem abordados
nas Oficinas. Através das Oficinas os alunos perceberam que existem inúmeras
concepções de aprendizagem, ou seja, para se aprender não é necessário estar
estático em uma classe, só ouvindo o professor falar, pode-se tornar um agente
ativo, colaborador e transformador. Os professores que acompanham a evolução
gradativa dos alunos que participam das Oficinas, garantem que os benefícios se
estendem destas até as salas de aula. E com isso, pode-se comprovar que a
mudança não basta ser somente do professor, mas também deve haver troca
recíproca de conhecimento entre o aluno e este, e neste contexto a escola age
como um intermediário nesta relação.