QUANDO O NASCIMENTO LESIONA - REVISÃO DE LITERATURA SOBRE TOCOTRAUMAS

Resumo

Introdução: Os tocotraumatismos são lesões causadas em decorrência do trabalho de parto. Diversos fatores são responsáveis por predisporem um recém-nascido (RN) ao trauma do nascimento, mas acredita-se que são múltiplos os fatores que ocorrem simultaneamente para que culmine em um tocotrauma fetal. Embora exista dificuldade em determinar a incidência dos tocotraumatismos, estima-se que estes representem cerca de 8% dos óbitos dos recém-nascidos a termo (MADI et al, 2010). Objetivo: Este estudo objetiva discorrer sobre as lesões traumáticas ocorridas da ocasião do parto e refletir a respeito das condutas que visem reduzir a ocorrência desses danos ao RN. No que tange à assistência de enfermagem, ponderam-se cuidados com RN. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, para o qual se utilizou como estratégia a consulta em literatura atual e na base de dados SCIELO, utilizando o descritor "traumatismos do nascimento". Discussão: Normalmente, o bebê conta com espaço suficiente para atravessar o canal de parto, porém, eventualmente, este trânsito pode se tornar difícil, produzindo lesões no RN. Alguns fatores que predispõem ao trauma do feto durante a parturição são: a disfunção uterina materna, trabalho de parto rápido, prolongado ou acelerado, desproporção cefalopélvica materna, macrossomia fetal, RN grande para a idade gestacional, gestação múltipla e anomalias congênitas. Em relação às técnicas obstétricas, observa-se o uso do fórceps, do vácuo de extração e da cesárea de emergência. De maneira geral, as lesões curam-se rapidamente, sem consequências importantes para o desenvolvimento do bebê, haja vista que a cabeça no RN se molda ao canal do parto enquanto o atravessa. São comuns, ainda, lesões nos membros superiores e inferiores, que podem ser decorrentes de fraturas, ou não, causando debilidade temporária. Se constatada uma situação de risco, deve-se monitorar tanto o trabalho de parto como a condição fetal e, se detectado sofrimento fetal, a mãe deve ser posicionada em decúbito dorsal lateralizado e administrado O2. As atenções aos traumas, no sentido de garantir a recuperação efetiva do RN, incluem imobilizações para os casos de fraturas e alguns tipos de paralisia, observação de sinais de alteração do nível de consciência, controle rigoroso da função respiratória, no caso de lesão do nervo frênico, e por cuidados referentes à alimentação. Na ocasião de hemorragias intracranianas, prima-se como cuidados principais o manuseio mínimo do bebê, no intuito de promover o repouso e reduzir seu estresse (LOWDERMILK et al., 2012; MADI et al., 2010; HOCKENBERRY e WILSON, 2012). Considerações finais: A incidência dos tocotraumatismos pode ser reduzida através de uma assistência pré-natal satisfatória, no sentido de triar as gestantes de risco para esta situação. Além disso, propiciar a assistência obstétrica humanizada em sala de parto, evitando o uso de técnicas desnecessárias e considerando, sempre, o bem- estar materno e do RN, são primordiais, para evitar a injúria do concepto. Salienta-se, ainda, a necessidade de mais estudos que visem verificar a incidência dos tocotraumas, pois, durante a pesquisa na literatura existente, verificou-se que a discussão deste tema é deficiente.