RELATO DE EXPERIÊNCIA: APLICAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE) NA SÍNDROME DE FOURNIER.

MARI ANGELA GAEDKE, ANGÉLICA IUZA, BRUNA LETÍCIA DA ILVA, CAMILA DA SILVA CANTO

Resumo


Introdução: A Síndrome de Fournier, também conhecida como gangrena de Fournier, é uma infecção bacteriana aguda que acomete a região genital e áreas adjacentes. A síndrome de Fournier foi observada em 1884, quando Jean Alfred Fournier, dermatologista francês especializado no estudo de doenças, descreveu cinco casos de pacientes com gangrena do pênis e escroto. Ocorre uma fasceite necrosante sinérgica do períneo e parede abdominal, que tem origem no escroto e no pênis, em homens, e na vulva e na virilha, em mulheres. Sua fisiopatologia é caracterizada por endarterite obliterante, uma arteriopatia degenerativa, que afeta as pequenas artérias das extremidades, causando estenose e oclusão das mesmas, resultando em isquemia e trombose dos vasos subcutâneos, que resultam em necrose da pele e do tecido, invadindo o músculo e a fáscia. As manifestações clínicas mais comuns são dor, calor, rubor, edema e necrose do escroto ou região perianal e perineal em associação com febre e calafrios, podendo evoluir rapidamente para sepse, cujo tratamento consiste em suporte hemodinâmico, antibioticoterapia de amplo espectro e debridamento dos tecidos desvitalizados. Objetivo: O objetivo deste estudo foi sistematizar a assistência de enfermagem a um paciente acometido pela Síndrome de Fournier, a partir do referencial teórico de Wanda Horta, enfatizando a importância do protagonismo da enfermagem na assistência individualizada e integral ao indivíduo gravemente enfermo. Método: Este trabalho é um relato de experiência no acompanhamento a um paciente com Síndrome de Fournier internado na Unidade de Terapia Intensiva. O trabalho foi construído a partir de vivências práticas da disciplina de Enfermagem no Processo de Cuidar - Unidade de Terapia Intensiva e Emergência do Curso de Graduação em Enfermagem, desenvolvida em uma Unidade de Terapia Intensiva de um hospital de ensino do interior do Estado do Rio Grande do Sul. Resultados: O paciente, homem, 62 anos, paraplégico, com histórico de paralisia infantil e ostiomielite crônica, diabete mellitus tipo II e hipertensão arterial sistêmica, ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva por dezesseis dias, no qual foi tratado devido ao quadro de sepse decorrente de lesões infectadas e submetido à cistostomia e abertura de colostomia. No momento da avaliação, sedado, RASS - 1, intubado em ventilação mecânica, apresentava lesão cavitária infectada em região isquiática bilateral com presença de necrose e exsudato, além de exposição de tecido ósseo. Na região perineal observou-se lesões no pênis e saco escrotal, com exposição de tecido subcutâneo em processo de gangrena, e no membro inferior direito, presença de sinais flogísticos em progressão; o paciente foi encaminhado para debridamento cirúrgico. Os principais diagnósticos de enfermagem identificados, segundo Taxonomia II da North American Nursing Diagnosis Association, foram: integralidade da pele prejudicada, integridade tissular e mobilidade prejudicadas. O plano de cuidados desenvolvido para o caso teve como foco principal manter a pele limpa e seca, aplicação de curativos diários, com uso de placa de carvão ativado, e mudança de decúbito. Conclusão: A vivência da prática pode proporcionar conhecimento sobre a patologia em questão, bem como a aplicação da SAE de maneira individualizada, ressaltando a importância dos diagnósticos de enfermagem, as quais foram estabelecidas através do levantamento de problemas, para assim traçar um plano de cuidados.


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