EFEITOS DOS NÍVEIS DE FERRO E FOLATO SANGUÍNEOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE CRIANÇAS DE VENÂNCIO AIRES, RS

CAROLINE DOS SANTOS, DIENE DA SILVA SCHLICKMANN, FERNANDA PFEIFER, LUANA BEATRIZ LIMBERGER, PATRÍCIA OLZ, SILVIA ISABEL RECH FRANKE, LIZIANE HERMES, MAIARA DE QUEIROZ FISCHER

Resumo


As deficiências de ferro e folato podem comprometer o desenvolvimento cognitivo durante períodos de desenvolvimento. Além disso, ambos os nutrientes podem ser fatores causais para a anemia, atingindo cerca de 1, 62 bilhões de pessoas em todo o mundo. Considerada uma síndrome clínica, a anemia caracteriza-se pela redução nos níveis de hemoglobina, podendo ser decorrente da carência de um ou mais nutrientes. As causas das deficiências de ferro e folato vão desde uma alimentação inadequada até condições associadas com o aumento da renovação celular. O objetivo desse trabalho foi avaliar o desenvolvimento cognitivo associado aos níveis de folato e ferro sanguíneos de pré-escolares. A amostra foi composta por 57 crianças com idade entre 36 a 60 meses, de ambos os sexos, matriculadas nas escolas infantis da rede municipal de Venâncio Aires - RS, 2015. As informações sobre suplementação foram obtidas por meio de questionário aplicado ao responsável. As análises bioquímicas foram realizadas, por um profissional habilitado, no Laboratório de Bioquímica do Exercício da Universidade de Santa Cruz do Sul. Para diagnóstico de anemia utilizou-se como ponto de corte hemoglobina de 11 mg/dL, 12 ng/mL ferritina e folato 3, 1 ng/mL. O desenvolvimento cognitivo foi avaliado pelo Teste de Triagem do Desenvolvimento de Denver II, que permite obter uma estimativa do nível de desenvolvimento de crianças de 0 à 6 anos. A interpretação dos itens foi realizada da seguinte forma: "normal", quando a criança executava os itens previstos para sua idade; "cautela", quando se recusava a realizar qualquer item esperado para sua idade; e "atraso", quando a criança não executava dois ou mais itens considerados adequados para a sua idade. A prevalência de anemia no presente estudo foi de 1, 8%, considerada normal, segundo a classificação da Organização Mundial da Saúde, 10, 5% das crianças estavam com os níveis de ferritina abaixo dos valores recomendados e nenhuma criança apresentou deficiência de folato. Ao verificar o desenvolvimento cognitivo das crianças, 64, 9% apresentavam atraso no desenvolvimento cognitivo, 24, 6% foram consideradas normais e 10, 5% recusaram-se a realizar alguma atividade do teste. Em relação à associação entre as variáveis hematológicas e Denver II, constatou-se que as crianças com atraso cognitivo apresentaram menores níveis de hemoglobina e de ferritina. No entanto, menores valores de folato foram encontrados no grupo recusa. Podemos concluir que na população estudada verificou-se uma baixa prevalência de anemia e níveis adequados de folato, que pode ser justificado pelo fato dessas crianças já terem participado das pesquisas realizadas no ano de 2012 e 2013, no qual, os pais receberam orientações sobre alimentos fontes de ferro e folato. Além disso, 75, 4% dessas crianças foram alvo da suplementação de ferro dos 6 aos 24 meses de idade. Entretanto, observou-se uma prevalência elevada no atraso no desenvolvimento cognitivo, que foi associada a baixas concentrações de hemoglobina e de ferritina, não sendo, contudo, classificadas como valores para anemia, o que indicaria que essa deficiência cognitiva não esteve associada com o estado de anemia atual. O mesmo foi verificado no grupo recusa que apresentou menores níveis de folato, contudo, não apresentaram deficiência de folato. Desta forma, a cognição dessas crianças deve ser estimulada no dia a dia, assim como uma alimentação saudável com o intuito de minimizar o atraso no desenvolvimento cognitivo.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.