CLÍNICA PSICANALÍTICA COM CRIANÇAS ADOTIVAS: UM ESTUDO DE CASO
Resumo
Introdução: O presente estudo foi realizado em um Serviço Escola na região do Rio Pardo - Rio Grande do Sul. Trata-se de um estudo de caso que envolve a adoção, acompanhado de uma reflexão teórica. As possíveis vivências traumáticas de crianças que são expostas a experiências de abandono e de desamparo desde o estabelecimento dos primeiros vínculos produzem efeitos que impulsionam a reflexão sobre o trabalho para profissionais na área da saúde. É discutido principalmente o lugar que a criança ocupa nesse momento de extrema fragilidade. O enfoque psicanalítico considera que as primeiras inscrições no psiquismo pueril são marcas que se situarão na criança durante toda a sua existência, ainda que a mesma seja retirada de seus progenitores muito precocemente. Essa condição não inviabiliza que novas inscrições possam dar significado e ressignificar à psique infantil e, quando positivas, podem dar condição para um desenvolvimento saudável e criativo. Objetivo: Apresentar o estudo de caso e relacioná-lo com teorias existentes na área da adoção. A explanação de possibilidades de reparação ou transformação dessa vivência são retratadas a partir de algumas sessões de psicoterapia. Metodologia: Para a realização deste estudo, foram realizadas sessões psicoterápicas (com duração média de 50 minutos), as quais foram transcritas e selecionadas as falas mais significativas para o estudo de caso. Resultado: A partir desse estudo e o levantamento de referenciais bibliográficos psicanalíticos acerca da adoção percebe-se que as primeiras inscrições deixadas na criança, através da relação estabelecida com a figura materna, deixam marcas no seu psiquismo, que influenciam na estruturação da sua personalidade. Desse modo, as vivências posteriores, estabelecidas na relação com os pais adotivos, possibilitam o agravamento, a manutenção e/ou a ressignificação dessas primeiras vivências. Conclusão: É necessário que os pais e os filhos, através do diálogo com familiares, amigos, pessoas próximas e profissionais de saúde possam apresentar, discutir, debater e tornar memória esses primeiros momentos de vida da criança. Caso contrário, possivelmente surgirão os segredos e silêncios em torno da filiação, favorecendo possíveis desenlaces psicopatológicos. Diante desse contexto, torna-se necessário o trabalho de orientação ou psicoterapia com crianças ou também com pais adotivos, como medida profilática para o estabelecimento de uma dinâmica familiar baseada em alicerces sólidos e verdadeiros.
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