A VIVÊNCIA COMUNITÁRIA EM UMA ECOVILA
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo apresentar como vivem os moradores da comunidade Ecovila Karaguatá, localizada em Rio Pardinho, Santa Cruz do Sul- RS. Este é resultado do interesse sobre as relações sociais que se estabelecem em uma comunidade, que tem como pressuposto vivenciar cotidianamente as relações que englobem a integração entre as dimensões físicas, mentais, psicológicas e espirituais do ser humano em conexão com a natureza. Entende-se por relações sociais a interação entre os indivíduos que compõe uma coletividade, um grupo. A existência de um coletivo e, portanto, de relações sociais implica, necessariamente, a presença de Outros. Deste modo, com base nos conceitos abordados pela Psicologia Comunitária, buscou-se compreender como se dá a vida em uma comunidade afastada das contingências de consumo e individualidade das grandes cidades. A metodologia utilizada foi a da pesquisa empírica, através de dados coletados a partir de relatos, diário de campo e consulta de material publicado no site da Ecovila Karaguatá. Os principais resultados encontrados referem-se à maneira como esta comunidade se organiza, partindo do coletivismo nas práticas cotidianas, em que a cooperação e a troca de experiências são propulsoras para manutenção e crescimento comunitário. Localizada em uma ampla área verde, a Ecovila Karaguatá foi idealizada no intuito de promover um estilo de vida saudável, com baixo impacto ambiental, norteados pelos conceitos da Permacultura, que trata da produção local de alimentos orgânicos, da arquitetura sustentável, com a realização de mutirões solidários. Na Ecovila também são realizados encontros culturais, a prática de meditação e grupos de estudos sobre a filosofia budista que favorecem o convívio harmonioso entre o indivíduo e o meio, criando condutas que contribuem para a constituição da identidade da comunidade. Conclui-se que a comunidade busca ser um espaço de segurança em que as pessoas possam viver tranquilas, em um clima solidário que se contrapõe à vida em uma cultura de consumo, ao individualismo exacerbado, onde os valores humanos e a singularidade do sujeito são desconsiderados. Sendo assim, almeja a promoção da saúde física e mental de seus membros, por meio de reflexões e ações norteadas pelo coletivismo, baseada no equilíbrio entre todos os seres e a natureza. Através das relações sociais associadas às atividades coletivas, a comunidade pode oferecer um suporte social diferenciado do que comumente é visto nas grandes cidades. Desta forma, o indivíduo não pode ser compreendido dissociado dos aspectos sociais e comunitários, pois esses constituem sua subjetividade/singularidade através das relações interpessoais estabelecidas.
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