A FORMAÇÃO DO ALUNO LEITOR PARA ALÉM DO ATO DE DECIFRAR CÓDIGOS

LUZIA LOPES, TALULA RITA MONTIELL SEVERO SIQUEIRA TRINDADE, CARLA LAVÍNIA PACHECO DA OSA

Resumo


Este trabalho é o relato de uma pesquisa realizada durante o período de participação no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, Subprojeto Pedagogia, da Universidade de Santa Cruz do Sul. A pesquisa buscou, num primeiro momento, o aprimoramento de práticas pedagógicas já desenvolvidas durante as oficinas pedagógicas de "Literatura Infantil" e "Contação e Leitura de Histórias", em duas diferentes escolas que participam do Programa. Elencamos também como objetivo primordial conhecer como de fato acontece a formação de leitores na escola e o que significa realmente ler. Entende-se a escola como um espaço formador e, desta maneira, a formação de leitores deve ser iniciada e/ou aprimorada neste espaço. A literatura infantil em sala de aula não só possibilita que o professor estabeleça uma relação dialógica com o aluno, com a sua cultura e a sua realidade, como também cria condições para que os alunos se apropriem da história a partir de seus pontos de vista, trocando impressões sobre ela, posicionando-se ante os fatos narrados, defendendo ou interrogando os personagens, imaginando e recriando situações e enredos. Aqui o professor deixa de ser aquele que ensina para tornar-se aquele que media. Muito além do processo mecânico do código de escrita e leitura está o processo de leitura do mundo que nos cerca, de maneira prática ou imaginativa. Saber ler não pode ficar reduzido ao ato de decifrar códigos, formar leitores significa formar pessoas para que tenham a capacidade de compreender o mundo de diferentes formas. É através da leitura que se experimenta imaginar, sentir diferentes emoções, descobrir outros tempos, outras formas de agir, diferentes possibilidades de enxergar o mundo e diferentes situações. Mas para que este aprender ler de fato se efetive, faz-se necessário, num primeiro momento, estar atento à realidade de cada envolvido, suas necessidades e anseios. Na prática, cabe ao professor possibilitar momentos de interação com os livros, de contação e leitura de histórias, levando rotineiramente aos alunos livros de boa qualidade e que venham ao encontro de seus interesses. Ao ler ou contar histórias é importante que o narrador esteja preparado para fazê-las, despertando a admiração e transmitindo confiança para aqueles que escutam. É necessário buscar diferentes possibilidades para que aconteça uma paixão pela leitura. Desta forma, levar livros para que sejam escolhidos e lidos pelos próprios alunos também vai ao encontro do objetivo de formar leitores, pois é necessário que os mesmos possam manuseá-los, viajar nas suas histórias, imaginar, ler, reler. Além disso, é de suma importância que as crianças tenham um espaço para conversar sobre o que leem, para troca de informações, a fim de que a literatura deixe de ser algo individual, isolado e passe a ser uma atividade vivenciada e compartilhada por todo o grupo. A literatura trabalhada nos anos iniciais do Ensino Fundamental costuma obedecer mais ao gosto do docente que do aluno, não porque o gosto do aluno não importe, mas sim, porque dentre tantos conteúdos a vencer, não há espaço para que o mesmo seja ouvido, nem para que a literatura torne-se um prazer. Neste sentido, faz-se necessário que o professor dedique tempo suficiente para observar e ouvir o que os alunos têm a dizer sobre a literatura, como eles se veem como leitores, possibilitando aos mesmos diferentes vivências e experiências que vão ao encontro da formação de leitores.


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