As pesquisas com plantas usadas tradicionalmente por possuírem extratos biologicamente ativos contra microrganismos têm sido alvo da comunidade científica. Considerando que as infecções representam uma das principais causas de doenças e mortalidade em todo o mundo, especialmente aquelas causadas por espécies de Staphylococcus e que em vários grupos de microrganismos é crescente o número de cepas resistentes aos antibióticos utilizados no tratamento de infecções, este estudo teve por objetivo avaliar o potencial antimicrobiano do extrato de Tripodanthus acutifolius (erva-de-passarinho) frente a cepas de Staphylococcus aureus, determinar a Concentração Inibitória Mínima (CIM) e a Concentração Bactericida Mínima (CBM) do extrato aquoso da planta e comparar as atividades obtidas a partir dos métodos de ágar-difusão em disco e de macrodiluição em caldo. A atividade antimicrobiana foi testada pelo método de ágar-difusão em disco descrito por Benitez et al. (2011), a partir de alíquotas de 10 mL do extrato aquoso, que foram filtradas (filtros Millipore®, de 0,22 µm) e semeadas em discos de celulose (6 mm) estéreis dispostos em placas de Ágar Mueller-Hinton (MH), previamente inoculadas com uma suspensão bacteriana contendo 10⁸ células/mL (0,5 na escala de Mac Farland) de cada microrganismo-teste. As concentrações do extrato da planta testadas variaram de 100 mg/mL a 5 mg/mL. As cepas utilizadas no estudo eram isolados clínicos hospitalares de Staphylococcus aureus, identificadas bioquimicamente pelas provas de catalase, coagulase e DNAse e por coloração de Gram. Para a determinação da CIM e da CBM foram selecionadas as concentrações do extrato da planta que apresentaram resultado positivo (formação de halo de inibição) contra cada um dos microrganismos do estudo. A atividade antibacteriana do extrato ficou evidenciada pelo aparecimento de halos de inibição do crescimento que variaram de 9 a 24 mm de diâmetro para todas as cepas de Staphylococcus aureus testadas. A cepa de S. aureus 25923 (padrão ATCC) teve o seu crescimento inibido pela menor concentração do extrato aquoso (0,5 mg/mL) enquanto que ambas as cepas de MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina) e MSSA (Staphylococcus aureus sensível à meticilina) foram inibidas pelas concentrações de 15 e 2,5 mg/mL. A Concentração Inibitória Mínima (CIM) do extrato variou de 50 mg/mL a 15 mg/mL e a Concentração Bactericida Mínima (CBM) variou de 75 mg/mL a 25 mg/mL frente aos microrganismos testados, sendo que o método ágar-difusão foi mais eficiente que o de macrodiluição, já que inibiu o crescimento das cepas nas menores concentrações do extrato (2,5 mg/mL e 0,5 mg/mL, respectivamente). Com isso, concluiu-se que a atividade antibacteriana exibida pelo extrato aquoso de Tripodanthus acutifolius frente às cepas MRSA e MSSA torna esta planta de grande interesse para estudos complementares de isolamento e identificação dos seus componentes ativos, além de modificações químicas que aumentem seu potencial antimicrobiano para que possa ser usada como medicamento fitoterápico no tratamento de múltiplas infecções, sendo que este estudo fornece evidências científicas sobre a atividade farmacológica atribuída à Tripodanthus acutifolius e contribui para validar seu uso a partir das infusões das folhas da planta pela medicina popular.