FITOSSOCIOLOGIA DO COMPONENTE ARBÓREO DE UM FRAGMENTO DE MATA CILIAR DO RIO TAQUARI, COLINAS, RIO GRANDE DO SUL
Resumo
Matas ciliares são formações vegetais que se encontram associadas aos corpos d'água. Atuam como habitats para diversas espécies animais, favorecendo o fluxo gênico e aumentando a diversidade genética das populações. Representam ecossistemas extremamente importantes para o desenvolvimento dos processos ambientais. Apesar disso, vêm sofrendo intensa destruição devido à expansão agrícola e urbana. Como consequência dessa degradação, destaca-se a erosão das margens, o assoreamento dos leitos dos rios e a redução da biodiversidade. Nem mesmo as leis ambientais têm sido capazes de deter a devastação destas formações florestais. No Vale do Taquari, assim como em todo o Rio Grande do Sul, são escassos os trabalhos de fitossociologia realizados em matas ciliares, sendo ecossistemas pouco conhecidos, especialmente quanto à sua diversidade e estrutura. Este estudo teve por objetivo conhecer a estrutura da comunidade arbórea de um fragmento de mata ciliar do Rio Taquari com cerca de 540 m de extensão e largura média de 15 m, localizada entre as coordenadas geográficas 29°24'05"S 051°53'19"W e 29º24'21"S 051º53'37"W no município de Colinas, na margem esquerda do Rio Taquari. A amostragem do componente arbóreo foi realizada através da distribuição de 18 unidades amostrais (parcelas) de 10m × 10m, a cada 20 metros, nos pontos mais acessíveis da margem, formando um transecto paralelo ao rio. Foram demarcadas 18 parcelas, nas quais foram amostrados todos os indivíduos com circunferência do caule à altura do peito igual ou superior a 20 cm. A altura total das árvores foi estimada visualmente. Para cada uma das espécies amostradas foram calculados os parâmetros de densidade, frequência e dominância, absolutas e relativas, e o índice de valor de importância (IVI). A diversidade foi estimada pelo índice de Shannon (H') e a equabilidade pelo índice de Pielou (J). Foram amostrados 415 indivíduos vivos pertencentes a 38 espécies, 34 gêneros e 17 famílias botânicas. Dentre as espécies, duas são exóticas e três estão na lista das ameaçadas de extinção (Picrasma crenata, Aspidosperma riedelii e Apuleia leiocarpa). As famílias de maior riqueza específica foram Fabaceae com sete espécies, seguida por Meliaceae, Myrtaceae e Sapindaceae, com três. Dentre as famílias restantes, 12 foram representadas por uma única espécie. A altura média estimada da vegetação foi 8,86m. A Densidade Absoluta foi 2.305 ind.ha-1. Machaerium paraguariense apresentou os maiores valores de Densidade (466 ind.ha-1), seguida por Annona sylvatica (183 ind.ha-1). A espécie com maior IVI foi Machaerium paraguariense (26,19), seguida outras espécies de valores bem inferiores como, Nectandra megapotamica (7,69), Eugenia uniflora (6,89) e Annona sylvatica (5,83). A diversidade florística estimada pelo índice de Shannon (H') resultou em 2,98 nats.ind.-1 e a equabilidade (J') de Pielou em 0,82. O fragmento estudado encontra-se em bom estado de conservação, pois apresenta altos índices de diversidade, apesar de ser constituído por uma estreita faixa de mata.
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