FITOSSOCIOLOGIA DO COMPONENTE ARBÓREO DE UM FRAGMENTO DE MATA CILIAR DO RIO TAQUARI, COLINAS, RIO GRANDE DO SUL

MARELISE TEIXEIRA, ALINE MARJANA PAVAN, LUÍS CARLOS SCHERER , ELISETE MARIA DE FREITAS

Resumo


Matas ciliares são formações vegetais que se encontram associadas aos corpos d'água. Atuam como habitats para diversas espécies animais, favorecendo o fluxo gênico e aumentando a diversidade genética das populações. Representam ecossistemas extremamente importantes para o desenvolvimento dos processos ambientais. Apesar disso, vêm sofrendo intensa destruição devido à expansão agrícola e urbana. Como consequência dessa degradação, destaca-se a erosão das margens, o assoreamento dos leitos dos rios e a redução da biodiversidade. Nem mesmo as leis ambientais têm sido capazes de deter a devastação destas formações florestais. No Vale do Taquari, assim como em todo o Rio Grande do Sul, são escassos os trabalhos de fitossociologia realizados em matas ciliares, sendo ecossistemas pouco conhecidos, especialmente quanto à sua diversidade e estrutura. Este estudo teve por objetivo conhecer a estrutura da comunidade arbórea de um fragmento de mata ciliar do Rio Taquari com cerca de 540 m de extensão e largura média de 15 m, localizada entre as coordenadas geográficas 29°24'05"S 051°53'19"W e 29º24'21"S 051º53'37"W no município de Colinas, na margem esquerda do Rio Taquari. A amostragem do componente arbóreo foi realizada através da distribuição de 18 unidades amostrais (parcelas) de 10m × 10m, a cada 20 metros, nos pontos mais acessíveis da margem, formando um transecto paralelo ao rio. Foram demarcadas 18 parcelas, nas quais foram amostrados todos os indivíduos com circunferência do caule à altura do peito igual ou superior a 20 cm. A altura total das árvores foi estimada visualmente. Para cada uma das espécies amostradas foram calculados os parâmetros de densidade, frequência e dominância, absolutas e relativas, e o índice de valor de importância (IVI). A diversidade foi estimada pelo índice de Shannon (H') e a equabilidade pelo índice de Pielou (J). Foram amostrados 415 indivíduos vivos pertencentes a 38 espécies, 34 gêneros e 17 famílias botânicas. Dentre as espécies, duas são exóticas e três estão na lista das ameaçadas de extinção (Picrasma crenata, Aspidosperma riedelii e Apuleia leiocarpa). As famílias de maior riqueza específica foram Fabaceae com sete espécies, seguida por Meliaceae, Myrtaceae e Sapindaceae, com três. Dentre as famílias restantes, 12 foram representadas por uma única espécie. A altura média estimada da vegetação foi 8,86m. A Densidade Absoluta foi 2.305 ind.ha-1. Machaerium paraguariense apresentou os maiores valores de Densidade (466 ind.ha-1), seguida por Annona sylvatica (183 ind.ha-1). A espécie com maior IVI foi Machaerium paraguariense (26,19), seguida outras espécies de valores bem inferiores como, Nectandra megapotamica (7,69), Eugenia uniflora (6,89) e Annona sylvatica (5,83). A diversidade florística estimada pelo índice de Shannon (H') resultou em 2,98 nats.ind.-1 e a equabilidade (J') de Pielou em 0,82. O fragmento estudado encontra-se em bom estado de conservação, pois apresenta altos índices de diversidade, apesar de ser constituído por uma estreita faixa de mata.


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