Ilexparaguariensis, conhecida como erva-mate, é uma espécie nativa com altas concentrações de metilxantinas, ácidos fenólicos, taninos e alcaloides. Apresenta importância ambiental, social e econômica, principalmente no Vale do Taquari/RS, que é responsável por 51% da produção de erva-mate do Estado. O seu consumo na forma de chimarrão não está mais restrito às regiões produtoras e tem aumentado graças ao incremento populacional e à adesão de novas pessoas ao hábito. A composição química diversificada a torna uma planta promissora para elaboração de produtos alimentícios. No entanto, produtores da região do Vale do Taquari afirmam que existem diferenças na morfologia das folhas e que esta diferença reflete na qualidade do produto gerado, constatado por eles no sabor gerado no chimarrão. O trabalho tem como objetivos verificar, por meio da análise morfológica das folhas, se essas diferenças realmente existem e, caso existam, verificar se estas estão relacionadas com o tipo de manejo (natural e em sistemas de plantios) ou com a origem das mudas (nativa e Argentina). O estudo também prevê verificar se as diferenças morfológicas são acompanhadas de variações na composição química da erva, justificando a variação no sabor do chimarrão. A partir da indicação dos produtores foram selecionados, em áreas distintas, 10 indivíduos nativos em plantios (manejo 1) e 10 existentes naturalmente em meio à floresta (manejo 2), identificados como P1 até P10 para o manejo 1 e de N1 até N10 para o manejo 2. De cada indivíduo foram coletadas 10 folhas para obtenção da área foliar através do programa ImageJ, comprimento, largura, comprimento do pecíolo, número de dentes e massa seca. Os dados de área foliar foram submetidos à ANOVA para evidenciar a diferença entre as médias e então foi realizado o Teste de Tukey para comparações múltiplas entre os indivíduos de cada manejo. Os resultados das análises da área foliar mostraram que existem diferenças significativas nas folhas de indivíduos de erva-mate submetidos ao manejo 1 e também ao manejo 2, sendo formados três grupos para ambos, confirmando o que dizem os produtores regionais. O indivíduo N7 constituiu sozinho um grupo, pois apresentou a menor área (17,16 cm²), muito inferior aos demais, cujas médias variaram de 34,78 a 81,94 cm². Os indivíduos submetidos ao manejo 2 apresentaram menor variação da área foliar (18,58 a 46,76 cm²), indicando que o manejo pode ter influência na variação das características foliares. Todas as variáveis avaliadas têm relação direta com a área foliar sendo, por isso, esta variável utilizada para a formação dos grupos. As análises realizadas, utilizando como principal parâmetro a área foliar, indicam que existem variações na morfologia das folhas, porém esta pode ser ocasionada pelo tipo de manejo. Desta forma será possível avaliar as características das plantas segundo o manejo em que são submetidas e as condições de desenvolvimento e caracterização das folhas.