DETECÇÃO DE DANOS E DEFICIÊNCIA DE REPARAÇÃO NO DNA EM PORTADORES DE DPOC E CÂNCER DE PULMÃO

THAIS EVELYN KARNOPP, ANDREIA ROSANE DE MOURA VALIM, AUGUSTO FERREIRA WEBER, MARIBEL JOSIMARA BRESCIANI , LIA GONCALVES POSSUELO, ANDREA LUCIA GONÇALVES DA SILVA

Resumo


Durante décadas, relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS) têm sugerido que as doenças cardíacas e infecciosas são as principais causas de morte no mundo desenvolvido e em desenvolvimento, respectivamente. Se as doenças respiratórias, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), tuberculose (TB) e câncer de pulmão (CA), entre outros, forem agrupadas, a soma chegaria a 17% e seria a principal causa de morte no mundo. Embora o tabagismo seja o principal agente etiológico em 85-90% de todos os cânceres de pulmão, apenas 10-15% dos fumantes ativos desenvolvem o câncer e cerca de 20% DPOC. Estas doenças são consideradas de ordem multifatorial, bem como demonstram uma interação entre fatores genéticos e ambientais que são reconhecidas como sendo associadas com o seu desenvolvimento. A relação entre TB, DPOC e CA não se encontra apenas na similaridade dos sinais e sintomas, essa interação parece ser de ordem etiológica, na qual uma doença pode ser preditiva para o surgimento da outra. Dessa forma, os estudos que investigam a relação entre estas doenças devem ser estimulados, principalmente em países em desenvolvimento, onde a ocorrência de DPOC e TB são maiores quando comparado aos países desenvolvidos. Nesse sentido, este estudo tem por objetivo detectar danos no DNA e avaliar a capacidade de reparação do mesmo, bem como identificar susceptibilidade genética na população em questão. O estudo em andamento, de delineamento metodológico do tipo caso-controle, incluiu até o momento 4 portadores de DPOC, 4 portadores de CA e 4 sujeitos controles com função pulmonar preservada, emparelhados em gênero e idade com os casos. Após a coleta de dados epidemiológicos e material biológico (sangue periférico) foi realizado o teste de ensaio cometa alcalino para detecção de dano basal no DNA. Utilizou-se linfócitos para realização do ensaio cometa na versão alcalina (pH>13), que identifica quebras simples, duplas e sítios álcali lábeis. A capacidade de reparação do DNA foi avaliada em uma alíquota de linfócitos incubados com agente alquilante metilmetano sulfonato (MMS) a 37°C por 5 minutos. Após a incubação, os danos no DNA foram avaliados pelo ensaio cometa alcalino, nos tempos 60 e 180 minutos. As lâminas foram analisadas por microscopia óptica convencional, 100 células por amostra foram analisadas para o cálculo do Índice de Dano (ID). O dano residual foi calculado com um percentual do dano inicial (60 minutos) para o dano final (180 minutos), sendo considerado o tempo 60 igual a 100% do pico de dano. Nossos resultados parciais do Ensaio Cometa Alcalino revelam que o ID basal no DNA foi maior em portadores de CA (ID 218.50±21.37) em relação aos portadores de DPOC (ID 55.50±31.05) e aos controles (ID 39.50±46.40). O mesmo pode ser observado nos tempos 60 (CA ID 317.75±50.75 vs DPOC ID 90±33.69 e controles ID 85.50±44.34) e 180 (CA ID 150.25±44.27 vs DPOC ID 82.75±27.42 e controles ID 79.50±55.09). Em contrapartida, o dano residual em portadores de CA (ID 49.75±23.15) foi mais baixo quando comparado aos portadores de DPOC (ID 98.25±40.57) e aos controles (ID 82.25±53.63). Diante do exposto, conclui-se que portadores de CA possuem maior ID basal no DNA e maior reparação frente ao dano induzido por MMS quando comparados aos portadores de DPOC e controles. Estes são dados preliminares que, ao longo do estudo, poderão não ser sustentados.


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