A organização do trabalho interfere diretamente na qualidade das ações nos serviços de saúde. Neste sentido, faz-se necessária a adoção de estratégias organizacionais que otimizem e proporcionem segurança aos trabalhadores e usuários. A participação de todos os envolvidos neste contexto de trabalho é fundamental para a resolutividade nos serviços de saúde. Este estudo se propõe a refletir sobre a organização do trabalho nos serviços de saúde dos municípios pertencentes a 13ª Coordenadoria Regional de Saúde do Rio Grande do Sul (13ªCRS/RS). Este recorte da pesquisa "O processo de gestão do trabalho e de Educação Permanente em saúde dos trabalhadores que atuam no SUS no âmbito da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde/RS", aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Santa Cruz do Sul, sob protocolo nº 3054/11, desenvolvida por pesquisadores e bolsistas do "Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde" (GEPS) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), conta com 300 trabalhadores das Secretarias Municipais de Saúde no âmbito desta coordenadoria. O instrumento utilizado, para coleta de dados, foi um questionário, composto por questões abertas e fechadas. Os dados foram submetidos à análise qualitativa. Quando questionados sobre quem mantinha a responsabilidade de definir tarefas e elaborar a agenda de trabalho, a maioria (75) dos participantes citaram o coordenador do setor como responsável e 53 afirmaram que esta decisão é tomada em equipe, numa prática multidisciplinar que potencializa a articulação entre os diversos saberes e fazeres presentes no trabalho em saúde. Em contra partida, 47 dos sujeitos responderam que assumiam a responsabilidade por esta atividade. Porém, o modelo fragmentado de organização do trabalho vem sendo apontado como uma das razões que dificultam a realização de um trabalho mais integrador e de melhor qualidade. No entanto, ao responder sobre as formas de organização do trabalho, a livre demanda, as rotinas de atividades e a agenda foram as mais citadas. Ainda, alguns profissionais mencionaram que organizavam o seu trabalho de forma independente, enquanto outros referiram que esta organização era feita conforme as decisões das reuniões realizadas em equipe. Vale ressaltar que há uma diversidade na organização dos serviços. Diante disso, questiona-se a participação dos trabalhadores nas decisões do processo de trabalho, o compromisso e a responsabilização por parte dos trabalhadores. Atualmente, novos processos de trabalho estão em curso, onde o cronômetro e a produção em massa estão sendo substituídos pela flexibilização da produção, visando a uma melhor qualidade no atendimento. Com isso, considera-se que a perspectiva interdisciplinar pode possibilitar o exercício de um trabalho mais integrador e articulado, tanto no que diz respeito à organização do trabalho, como na qualidade dos resultados.