DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE DIABROTICA SPECIOSA GEMAR, 1824 (COLEOPTERA: CHRYSOMELIDAE) EM CULTIVO ORGÂNICO E CONVENCIONAL DE TABACO

FABIELE CRISTINE HINTZ, JONAS MORAES, ANDREAS KOHLER

Resumo


O cultivo do tabaco (Nicotiana tabacum L.) sofre muitos impactos pela presença de insetos-praga ao longo do período de cultivo, sendo um deles Diabrotica speciosa Germar, 1824 (Coleoptera: Chrysomelidae), conhecida popularmente como vaquinha. Adaptados aos mecanismos de defesa das plantas, os adultos desta espécie voam com frequência de uma planta à outra, alimentando-se, principalmente, da área foliar do tabaco, acelerando o avanço da área injuriada na plantação. O objetivo da pesquisa foi analisar a distribuição espacial do inseto-praga Diabrotica speciosa na cultura de tabaco no sul do Brasil. O estudo foi realizado em duas lavouras, um com manejo orgânico outro com convencional. As coletas foram feitas semanalmente, de novembro 2012 a janeiro 2013, utilizando dois tipos de armadilhas: armadilhas de solo do tipo pit-fall e armadilhas interceptadoras de voo do tipo Malaise. Na lavoura orgânica as armadilhas foram distribuídas em três linhas de amostragem, sendo estas divididas em quatro pontos de coleta (fora, borda, dentro e meio), enquanto na lavoura convencional foi estabelecida somente uma linha contendo quatro pontos, igualmente nomeados. Em todas as linhas foi obedecido o distanciamento de 10 metros entre os pontos de coleta. Na bordadura, adjacente à lavoura orgânica, foram instaladas quatro armadilhas, uma em cada área de semeadura com plantas forrageiras. Em cada um dos pontos foram instaladas quatro armadilhas pit-fall e uma de Malaise. Foi amostrado um total de 3.718 indivíduos, sendo 284 em cultivo convencional (7,63%), 2.970 (79,89%) em cultivo orgânico e 464 indivíduos na bordadura (12,48%). Os resultados do cultivo orgânico indicam uma maior concentração desses insetos na linha 3, com 1.210 indivíduos, correspondentes à 40,74% do total entre as linhas. Já na linha 1 de amostragem foram coletados 932 (31,38%) e na linha 2, 828 (27,88%). Quanto aos pontos, a maior abundância foi verificada no ponto fora, com 1.461 indivíduos, o equivalente a 49,20% do total, sendo que 411 coletados na borda, 555 dentro e 543 no meio do plantio. Tendo em vista que a vegetação adjacente ao plantio de tabaco, na linha 3, é composta de um campo sujo, o qual fornece alta diversidade vegetal para a alimentação da vaquinha, o número de indivíduos no ponto fora desta linha foi maior quando comparado aos demais pontos. A bordadura, por sua vez, teve maior destaque no ponto 1, com 159 indivíduos, seguido pelo ponto 2, com 145, ponto 4, com 82 e ponto 3, com 78. Contudo, a bordadura de plantas forrageiras não variou significativamente entre as espécies utilizadas, nem influenciou sobre o número de besouros no plantio. Em relação ao cultivo convencional, o qual possui apenas uma linha de amostragem, a maior concentração de espécimes foi encontrada no ponto dentro, com 138, seguido pelo ponto meio, com 75, borda, com 60 e fora, com 11, mostrando o impacto dos agrotóxicos utilizados neste tipo de manejo. Com isso, foi possível estabelecer um padrão de distribuição espacial de Diabrotica speciosa na cultura de tabaco, fornecendo dados para futuros programas de manejo desta praga no plantio, bem como gerando informações sobre a influência da vegetação adjacente ao plantio.


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