A economia da cidade de Santa Cruz do Sul depende muito da cultura do tabaco (Nicotiana tabacum L.). Há espécimes de artrópodes característicos no plantio de tabaco, sendo alguns destes considerados pragas agrícolas. Táxons pragas podem causar grandes prejuízos às lavouras, por isso é importante conhecer a artropodofauna presente e avaliar alternativas de minimizar tais infortúnios. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a diversidade de Arthropoda em quatro diferentes tipos de manejo de solo em uma lavoura de tabaco. Para isso, foi coletado material no Centro Mundial para o Desenvolvimento Agrônomo, Extensão e Treinamento (Adet), pertencente à Japan Tobacco Internacional (JTI), no Distrito de Cerro Alegre, em Santa Cruz do Sul. Foram analisados quatro manejos diferentes de solo: T1) arado de 25 cm (convencional), T2) arado de 60 cm (profundo), T3) manejo da vegetação entre safra e T4) sem manejo. Assim, a lavoura possuía doze pontos de coleta (triplicata de cada tipo de manejo) e um fora do plantio, usado como testemunha. Em cada ponto de amostragem foram instaladas quatro armadilhas do tipo Pit-fall, totalizando cinquenta e duas armadilhas, sendo as amostras recolhidas semanalmente de 26/11/12 a 31/01/13. Além disso, amostras de solo próximas às armadilhas tipo Pit-fall foram levadas ao Laboratório de Entomologia da Universidade de Santa Cruz do Sul e acondicionadas em Funis de Berlese. Estas amostras de solo foram realizadas em 10/10/12, 16/11/12, 03/01/13 e 17/01/13. Os indivíduos foram preservados em álcool 70% e identificados no Laboratório de Entomologia da Universidade de Santa Cruz do Sul até nível de ordem, sendo, após, realizada a identificação das ordens Coleoptera e Hymenoptera até nível de família. Foram coletados 37.283 espécimes, sendo 30.191 (81%) provenientes de Pit-falls e 7.902 (19%) dos Funis de Berlese. Das 11 ordens de insetos identificadas, destacaram-se Hymenoptera, com 14.466 exemplares (38%), dos quais 99% são pertencentes à família Formicidae, Coleoptera, com 8.622 espécimes (23%) e Collembola, com 4.455 indivíduos (12%). A menor abundância artropodofaunística ocorreu no tratamento sem manejo (T4), tanto nas coletas tipo Pit-fall quanto nas de Funil de Berlese, totalizando 4.111 exemplares (11%). A testemunha obteve os maiores resultados, com 18.066 indivíduos (48%) do total. Os demais tipos de manejo apresentaram resultados muito semelhantes, com 5.325 indivíduos no T1, 5.258 no T2 e 5.335 no T3. Três famílias de Coleoptera mais frequentes foram Chrysomelidae, com 4.220 espécimes, Nitidulidae com 1.876 e Staphylinidae com 1.073. Os chrysomelideos foram representados em quase sua totalidade por indivíduos do gênero Epitrix, sendo estes encontrados em maior quantidade no T2 (1.591 espécimes) e em menor quantidade no T1 (495 exemplares). Baseado nos dados em geral é possível concluir que o T4 apresentou os menores índices de ocorrência de artrópodes, assim como na safra passada. Confirmou-se a predominância dos mesmos táxons em relação ao primeiro ano amostrado e mesma distribuição qualiquantitativa conforme os tratamentos de manejo. Sendo assim, o manejo do solo é fundamental para a ocorrência e o controle de insetos, principalmente as pragas, no plantio de tabaco, onde o tratamento convencional, executado pela maioria dos produtores, não é o mais indicado pelo presente estudo.