ESPÉCIES DE THYSANOPTERA (INSECTA) ASSOCIADAS AO PLANTIO DE NICOTIANA TABACUM L. NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

MARINA RAUBER, ANDREAS KOHLER

Resumo


A ordem Thysanoptera abrange insetos com tamanhos variados, medindo de 0,5 até 15 mm, e distinguem-se por suas asas em forma de franja, contudo, alguns são ápteros. Estes insetos são cosmopolitas, ocorrendo frequentemente nos trópicos e regiões úmidas. São encontrados geralmente nas flores e folhas mais jovens das plantas, onde se alimentam e se reproduzem. Alimentam-se da seiva de plantas sugando os nutrientes das folhas ou raspando a superfície com seu aparelho bucal, abrindo passagem para diversos patógenos. Ainda, algumas espécies podem inocular o Tospovirus, um tipo vírus que compromete o desenvolvimento do tabaco (Nicotiana tabacum L., 1753). O objetivo do trabalho foi coletar e identificar até nível de ordem todos os artrópodes encontrados em lavouras de tabaco no Estado do Rio Grande do Sul. Além disso, os exemplares de Thysanoptera foram identificados até nível de espécie, visando melhorar o conhecimento sobre este táxon ainda pouco conhecido e estudado no sul do Brasil, bem como para determinar as espécies potencialmente vetores de vírus no cultivo de tabaco. Para a coleta, foram utilizadas armadilhas adesivas de cor amarela da marca BIOTRAP®. Estas foram posicionadas na safra 2012-2013, em diferentes pontos das lavouras. Após um mês em campo, as armadilhas eram recolhidas e levadas ao Laboratório de Entomologia da Universidade de Santa Cruz do Su para a triagem e identificação dos indivíduos aderidos. Para melhor identificação de tripes, lâminas permanentes de cada táxon foram confeccionadas no Laboratório de Histologia e Patologia da UNISC, utilizando limoneno como solvente orgânico para a extração dos espécimes das armadilhas adesivas e Entelan® para preservação dos tecidos do inseto e fixação da lamínula. Foram identificados 5.853 indivíduos de Thysanoptera e, destes, 640 pertenciam à Frankliniella schultzei, 2.090 à Frankliniella occidentalis (macho), 2.723 à Frankliniella occidentalis (fêmea), 361 à Thrips australis, 5 ao gênero Adraneothrips, 5 ao Eurythrips e 25 foram denominados como "Não determinado", dos quais não foi possível distinguir cor, tamanho, cabeça, asas e abdômen, pelo fato de estarem danificados ou fungados. Foram encontrados 60% dos indivíduos no mês de novembro, 33% em dezembro e 7% em janeiro. Além dos exemplares de Thysanoptera, foram analisados mais detalhadamente os coleópteros de Diabrotica e Epitrix, com 5.219 e 374 indivíduos, respectivamente, e hemípteros de Sternorryncha, Auchenorryncha e Heteroptera, com 6.069, 3.233 e 917 indivíduos, respectivamente. Pôde-se concluir que a época do ano é fundamental para um levantamento eficaz de tripes, principalmente em projeto de monitoramento de espécies nocivas ao tabaco, pois este possui flores que, em épocas de primavera, atraem mais insetos do que em outras estações do ano. Sendo assim, a identificação taxonômica de indivíduos desse grupo é de extrema importância para que se determinem quais são vetores de vírus prejudiciais ao tabaco, foco de planos de manejo e/ou controle dos mesmos. Ainda não há nenhum produto que possa ser usado no controle do vírus depois que esse ataca a planta, o único método para o combate consiste no controle dos vetores, os tripes, e sua circulação na lavoura. Além disso, trabalhos taxonômicos em nível de espécies/morfoespécie são ainda raros, mas fundamentais para o reconhecimento da praga e possíveis intervenções para seu controle.


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