ARTROPODOFAUNA ASSOCIADA À SUCESSÃO VEGETAL NUM ATERRO INDUSTRIAL DE SANTA CRUZ DO SUL, RS, BRASIL

GABRIELA EUGENIA CAVALCANTI BRUCHMANN, CATHERINE FRIZZO, JAIR PUTZKE, ANDREAS KOHLER

Resumo


O Arthropoda surgiu aproximadamente há 500 milhões de anos, na Era paleozóica. Desde então, formou-se um conjunto muito amplo de animais, atingindo hoje mais de 800 mil espécies. Dentro do grupo de insetos destacam-se, atualmente, as ordens mega-diversas de Coleoptera, Diptera, Hymenoptera, Hemiptera e Lepidoptera. A facilidade de adaptação dos insetos aos diversos ambientes faz com que sejam encontrados em todos os tipos de habitats, independente de seu nível de sucessão. Desta forma, o presente estudo objetivou avaliar o nível de sucessão vegetal e seu impacto sobre a comunidade de artrópodes em uma área de um aterro de 2 ha da Empresa Souza Cruz, localizado no município de Santa Cruz do Sul, RS, sendo o sétimo ano de levantamentos após implantação do projeto. Para isso, foram utilizadas duas armadilhas do tipo Malaise, implantadas em ambientes com níveis de sucessão vegetal diferentes, visando a correlacionar os dados da entomofauna com a vegetação presente, bem como com as variações climáticas ao longo das amostras. As coletas foram realizadas desde o começo do ano, retirando a cada 15 dias o material das armadilhas. O material coletado foi levado para o Laboratório de Entomologia da Universidade de Santa Cruz do Sul, onde foi coado para retirada de resíduos de sujeiras. Os insetos foram triados, sendo que os indivíduos foram separados em nível de ordem e guardados em vidros com álcool 70%. Cada vidro foi identificado com etiqueta e, então, tombado na Coleção Entomológica da UNISC (CESC). Durante o presente ano foi coletado um total de 11.999 insetos, pertencentes a 24 ordens. Dentro das ordens, Diptera predominou com 6.308 indivíduos, representando 52,57%, seguido de Formicidae, 2.058 (17,15%), e Hemiptera, 1.378 (11,48%). Comparando as duas armadilhas, foram coletados 4.635 indivíduos na Malaise I e 7.362 na Malaise II. A diferença pode ser explicada pela vegetação adjacente às armadilhas, onde a Malaise II encontra-se em uma vegetação mais densa e fechada de um nível sucessional mais avançado do que a Malaise I. Isso pode ser observado também em nível de ordem, onde na Malaise II encontram-se em maior frequência as ordens Diptera (3.466 indivíduos) e Formicidae (1.808 indivíduos), comparado com Malaise I, com 2.842 e 260 indivíduos, respectivamente, mostrando que a vegetação é mais diversa e estruturada, oferecendo mais fontes alimentares ou ambientes de nidificação. No mês de abril pode-se notar uma maior abundância de Diptera no material coletado, com 3.053 exemplares, representando 25,44% do total amostrado, sendo este aumento ligado às temperaturas mais elevadas na semana anterior à coleta, favorecendo o deslocamento dos insetos em vôo. A família Formicidae apresentou 2.068 indivíduos (17,23% do total), mostrando a implantação das armadilhas no meio da vegetação local, possibilitando às formigas subir pelo pano da armadilha até o pote coletor. Mostrou-se que, com esse tipo de armadilha, é possível amostrar suficientemente a entomofauna local, possibilitando uma análise do nível de sucessão vegetal utilizando os artrópodes associados, tendo em vista que os artrópodes são fiéis bioindicadores do seu ambiente. Além disso, estudos de sucessão de longa duração são muito importantes para compreender as interações ecológicas entre plantas e animais.


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