INFLUÊNCIA DA INGESTÃO DIETÉTICA E DA CONCENTRAÇÃO SANGUÍNEA DE FERRO SOBRE O DANO NO DNA EM PRÉ-DIABÉTICOS DIVIDIDOS POR SEXO E IDADE REPRODUTIVA

MAIARA DE QUEIROZ FISCHER, CAMILA SCHREINER PEREIRA, KARINI DA ROSA, PATRÍCIA MOLZ, DANIEL PRA, SILVIA ISABEL RECH FRANKE

Resumo


O ferro (Fe) é um micronutriente que exerce funções importantes no metabolismo humano. A ingestão dietética recomendada (Recommended Dietary Allowance: RDA) de Fe é de 8 mg/dia para homens com idade entre 19 - 70 anos; para mulheres entre 19 - 50 anos é de 18 mg/dia; e para mulheres de 51 - 70 anos é de 8 mg/dia. A sobrecarga de Fe também está relacionada à hiperglicemia e às complicações observadas no diabetes e pré-diabetes que, se produzidos em quantidades maiores que a quantidade eliminada, pode provocar o estresse oxidativo e danos celulares. A hiperglicemia pode levar à resistência à insulina e ao acúmulo de Fe nas células beta do pâncreas, o que prejudica a secreção de insulina. O objetivo desse trabalho foi avaliar a relação do Fe na dieta e no sangue com os níveis de danos no DNA em pacientes pré-diabéticos divididos por sexo e idade reprodutiva. Participaram da pesquisa 60 indivíduos, com idade média de 50 ± 9,75 anos (65% mulheres). A amostra foi dividida em três grupos, mulheres com idade 50 anos (n=19) e homens com idade média de 52 ± 10,57 anos (n=22). A avaliação do Fe na dieta foi realizada no programa DietWin®, a partir de 3 recordatórios alimentares. Foram coletadas amostras sanguíneas para determinação da concentração de Fe no sangue e nível de dano no DNA. A glicemia de jejum e a hemoglobina glicada (A1C) foram determinadas bioquimicamente em um laboratório de análises clínicas de Santa Cruz do Sul, já os níveis de Fe no sangue foram avaliados pela técnica de Particle Induced X-ray Emission (PIXE). Os níveis de dano no DNA foram avaliados pelo Ensaio Cometa e pelo teste de Micronúcleos de células Binucleadas. Os dados foram analisados estatisticamente no programa Statistical Package for Social Science (SPSS). A ingestão média de Fe foi de 12,26 ± 3,87 mg/dia e 10,72 ± 4,00 mg/dia para homens e mulheres >50 anos, respectivamente, e de 9,56 ± 2,95 mg/dia para mulheres 50 anos (r=0,516 e p=0,049). A ingestão de Fe apresentou correlação positiva com o índice de dano (ID) (r=0,525 e p=0,037) e frequência de dano (FD) (r=0,534 e p=0,033) em mulheres 50 anos, houve correlação negativa entre o Fe no sangue e a FD (r=-0,604 e p=0,017). Nos homens, o Fe do sangue teve correlação negativa com as células necróticas (r=-0,563 e p=0,029) e apoptóticas (r=-0,748 e p=0,001). Mulheres em idade reprodutiva perdem Fe pela menstruação e parto, já o Fe está aumentado quando não há esse tipo de perda como em mulheres >50 anos (menopausa) e em homens. A razão da correlação positiva entre a ingestão de Fe e o nível de dano no DNA apenas nas mulheres em idade reprodutiva pode estar associada ao estresse oxidativo ou à atividade de reparo no DNA. Entretanto, os níveis ingeridos de Fe observados no estudo parecem ser benéficos, como observados em mulheres >50 anos, para as quais o Fe no sangue diminui a FD, e para os homens, para os quais o Fe do sangue diminui as células necróticas e apoptóticas. Há necessidade de mais estudos para esclarecer o papel do Fe no pré-diabetes.


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