ESTUDO DA ENTOMOFAUNA ASSOCIADA A ARAUCARIA ANGUSTIFOLIA (BERTOL.) KUNTZE, 1898 EM DOIS MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

PAULO FAGUNDES, ANDREAS KOHLER

Resumo


As florestas com Araucaria angustolia representaram no passado grande fonte de riqueza e sustentação dos colonizadores do sul do Brasil. No início da colonização, por volta de 1822, existia na região sul uma área estimada em 200.000 km². Hoje esta área é representada por apenas 6.000 km². Sabe-se que muitos organismos dependem desta espécie para sua subsistência e preservação. São inúmeros os artrópodes que habitam estas árvores e que retiram dela seu sustento, portanto, importantes para o ecossistema e sucessão da vida nestas matas, porém ainda são raros os trabalhos sobre a entomofauna associada. Sendo assim, objetivou-se a investigação de populações de insetos que vivem junto aos ramos da A. angustifolia. A pesquisa foi desenvolvida em Santa Cruz do Sul, nas localidades de Alto Paredão e no Seminário São João Batista em Linha Santa Cruz e em Sinimbu, respectivamente, nas localidades de Pinhal Santo Antônio e na área urbana da cidade. No período de março de 2012 a março de 2013 foram coletados exemplares de galhos de araucária (de preferência, galhos mais velhos, mas ainda presos na araucária), em cada localidade citada. Para coleta de material foram utilizadas diversas ferramentas, bem como corda para extração dos ramos da espécie. No laboratório de Entomologia da UNISC, os ramos foram cortados em tamanhos de aproximadamente 40 cm de cumprimento e acondicionados em armadilhas fotoeclectores para posterior coleta de insetos saídos de dentro da madeira. O material foi retirado semanalmente dos fotoecletores, acondicionado em álcool 70% e identificado para posterior tombamento na Coleção Entomológica da UNISC. Foram coletados 575 indivíduos adultos, distribuídos em 11 ordens. A ordem com maior abundancia foi Hymenoptera, com 313 indivíduos sendo a família Formicidae a mais frequente, com 300 indivíduos coletados e frequentes em 100% das amostras. Em seguida Diptera, com 78 indivíduos e Coleoptera com 87 indivíduos. Dentro da ordem dos coleópteros destaca-se a família Cerambycidae com 61 indivíduos e Curculionidae com 20 indivíduos, além de Annobidae (2), Carabidae (1), Staphilonidae (1),Trogossitidae (1), Cleridae (1). Em Isoptera foram encontrados 28 indivíduos. Foram coletados 74 indivíduos de insetos imaturos (larvas), pertencentes a 4 famílias: Buprestidae (Prioninae) com 42 exemplares, Cerambycidae (Lamiinae) com 21, Elateridae com 5 e Mordellidae com 6. Considerando que as coletas foram realizadas em diferentes estações do ano, os dados mostram um amplo espectro taxonômico, possibilitando já uma avaliação frente à presença/ausência de algumas espécies. Na madeira do distrito de Alto Paredão de Santa Cruz do Sul foi registrada a presença da vespa Derecyrta araucariae, somente conhecido na floresta com araucária de Pró-Mata nos Campos de Cima da Serra, em São Francisco de Paula, RS. Conclui-se que, com base em novas descobertas, há possibilidades de fornecer mais dados para a preservação das florestas com A. angustifolia, atualmente altamente ameaçadas. Mas, tendo em vista que a diversidade entomológica associada é muito ampla, mais coletas serão realizados no próximo ano, principalmente para investigar a distribuição de Derecyrta araucariae na região sul das florestas com A. angustifolia.


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