AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE REFERÊNCIA EM ONCOLOGIA DO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL

SABINE ELISA JACKISCH, CÁTIA SEVERO, ELIARA FERNANDA FOLETTO, FRANCINE DA SILVA SILVEIRA, LIA GONÇALVES POSSUELO

Resumo


O Sistema Único de Saúde (SUS) funciona como uma espécie de rede que deve estar integrada para que o atendimento aos usuários não sofra interrupções, sendo o indivíduo acompanhado nos diversos níveis de atenção à saúde de acordo com suas especificidades. O sistema, inicialmente organizado como uma pirâmide, contém a atenção básica (ou nível primário) na base. O nível secundário estaria localizado na parte intermediária, composta por unidades de urgência e emergência, além de consultas especializadas. No topo da pirâmide, tem-se o nível terciário de atenção que abrange as hospitalizações e procedimentos de alta complexidade. A organização do SUS define que o acesso da população à rede dar-se-á através dos serviços de nível primário de atenção e os demais níveis de maior complexidade tecnológica (secundário e terciário) devem ser referenciados. O sistema de referência e contra-referência assume, nesse sentido, papel fundamental para que esse processo ocorra efetivamente. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo avaliar o sistema de referência em oncologia no município de Santa Cruz do Sul. Foi realizado um estudo descritivo prospectivo com 33 pacientes com câncer colorretal atendidos no período de 2012 a 2013 no Centro de Oncologia Integrado do Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul. Todos responderam a um questionário epidemiológico e seus prontuários foram revisados. Foram avaliadas as seguintes variáveis: idade, sintomas, tempo dos sintomas antes da primeira consulta, número de serviços procurados, primeiro serviço e estádio tumoral. Os dados obtidos foram inseridos em uma tabela Excel e as análises descritivas realizadas no software SPSS 20.0. Dos 33 pacientes analisados, a média de idade no diagnóstico do câncer colorretal foi de 53,1 anos e os principais sintomas que os levaram a consulta médica foram emagrecimento (66,7%), dor abdominal (60,7%), sangue nas fezes e palidez (51,9%) e diarreia, constipação e dor retal (48,1%). O tempo médio de sintomas antes da primeira consulta médica foi de 6,9 meses. O número médio de serviços procurados até o diagnóstico da doença foi de 3 serviços. Em relação ao primeiro serviço procurado, 18,2% utilizaram nível primário, 48,5% o nível secundário, 12,1% o nível terciário e 21,2% não sabiam responder qual a primeira unidade de saúde procurada. Em relação ao estádio tumoral, entre os pacientes em estádio IV, 50%, 25% e 40% procuraram, respectivamente, o nível primário, secundário e terciário na primeira consulta. O sistema de referência é muito importante, pois os serviços oncológicos dependem do apoio de uma estrutura hospitalar terciária, especialmente preparada para confirmar o diagnóstico e fazer o estadiamento, promover o tratamento adequado, a reabilitação e os cuidados paliativos, que podem ser organizados na rede de serviços de saúde de forma integrada com os níveis primários e secundários de atenção. Ainda permanecem dificuldades de acesso à detecção precoce do câncer devido à demanda reprimida em áreas de média complexidade, principalmente em consultas especializadas e exames complementares para o diagnóstico diferencial e definitivo de câncer. O estádio avançado, muitas vezes intratável, em que os casos chegam aos hospitais, ao independer da maior ou menor complexidade de meios diagnósticos, bem indica o grau de organização do sistema de saúde e o acesso a esse tratamento.


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