AVALIAÇÃO DOS VOLUMES PULMONARES EM INDIVÍDUOS HOSPITALIZADOS SOB CONDIÇÕES NÃO-CIRÚRGICAS E INDIVÍDUOS HÍGIDOS

RICARDO GASS, CAMILA DA CUNHA NIEDERMEYER, JEAN SILVA DA ROSA, REGIS JEAN SEVERO, DANNUEY MACHADO CARDOSO, DULCIANE NUNES PAIVA

Resumo


Grande parte das internações hospitalares demanda, além das demais condutas clínicas, a necessidade de repouso do paciente. O posicionamento do paciente no leito em decúbito dorsal pode provocar redução dos volumes e capacidades pulmonares, ocasionando aumento do trabalho respiratório. Isso ocorre pois o posicionamento promove acúmulo de volume sanguíneo central, que propicia a formação de congestão, edema e redução da complacência pulmonar. Desta forma, a hospitalização é seguida, em geral, por redução da capacidade funcional e da função pulmonar com consequente mudanças na qualidade de vida, podendo ser de grande risco para pessoas jovens e, especialmente, para os idosos. Estes últimos utilizam os serviços hospitalares com mais frequência, envolvendo maiores custos para o sistema de saúde devido ao tempo de internação mais prolongado e à recuperação mais lenta e complicada. Este trabalho objetiva avaliar os volumes pulmonares de indivíduos hospitalizados sob condições não-cirúrgicas e indivíduos hígidos não-hospitalizados. Como metodologia foi feito estudo de caráter transversal, realizado nas enfermarias do Hospital Santa Cruz (HSC) - RS e no grupo de idosos participantes do "Projeto Reativar" do Clube Poliesportivo de Santa Cruz do Sul - RS. Foram avaliados pacientes hospitalizados sob condição não cirúrgica (Grupo Hospitalizado - GH) e indivíduos hígidos (Grupo Controle - GC) com mesmas características antropométricas. Realizada espirometria (Easy One ®, Switzerland) para obtenção da capacidade vital forçada (CVF), do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), do Índice de Tiffeneau (VEF1/CVF), do pico de fluxo expiratório (PEF) e do volume expiratório forçado entre 25 e 75% da CVF (VEF25-75%). O teste foi realizado em posição sentada, sendo os sujeitos orientados a realizar uma inspiração até a capacidade pulmonar total (CPT) e em seguida realizar uma expiração até o volume residual (VR). Realizados três testes, sendo validada a melhor medida das três curvas obtidas, sendo expressos em percentual do predito. Para comparação entre as variáveis foi utilizado o teste t Student para amostras independentes (p<0,05). Foram avaliados 34 pacientes hospitalizados e 28 indivíduos hígidos, com média de idade 59,5 ± 14,3 anos, peso de 66 ± 14,8 Kg e IMC de 26,5 ± 4,9 Kg/m². Constatada diferença significativa entre GH e GC quanto a CVF (48,3 ± 20,1%pred e 82,1 ± 18,4%pred; p<0,001), VEF1 (41,9 ± 19,2%pred e 81,3 ± 22,8 %pred; p<0,001), VEF1/CVF (86,5 ± 18,5 %pred e 97,1 ± 13,8%pred; p=0,015), PEF (31,5 ± 19,7%pred e 76,6 ± 28,5 %pred; p<0,001) e VEF25-75% (37,6 ± 29,5 %pred e 85,4 ± 35%pred; p<0,001), respectivamente. Conclui-se que indivíduos hospitalizados apresentam redução dos volumes pulmonares quando comparados aos indivíduos hígidos, podendo tais resultados serem atribuídos à doença de base e ao repouso prolongado no leito.


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