IMC DOS PAIS E PESO AO NASCER: ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS EM ESCOLARES DE SANTA CRUZ DO SUL-RS
Resumo
Diversos fatores vêm sendo associados à obesidade na infância e adolescência. Evidências demonstram que o peso ao nascimento tem associação positiva com o excesso de peso na infância e na idade adulta. Crianças nascidas com baixo peso, mas que recuperam rapidamente o peso nos primeiros anos de vida, apresentam maior prevalência de obesidade na infância; outro fator relevante é o estado nutricional dos pais, o qual apresenta relação com a obesidade infanto-juvenil. Estudos demonstram que crianças obesas filhas de pais obesos têm maiores chances de tornarem-se adultos obesos devido a influências genéticas e ao estilo de vida adotado pela família. Este trabalho tem por objetivo comparar o Índice de Massa Corporal (IMC) dos pais e o peso ao nascer com os fatores de risco cardiometabólicos em crianças e adolescentes de escolas públicas e privadas do município de Santa Cruz do Sul, RS. Foi utilizada uma amostra de 1963 escolares de ambos os sexos (899 do sexo masculino e 1064 do sexo feminino), com idade de 7 a 17 anos, pertencentes a 19 escolas da zona urbana e rural. O IMC dos pais, calculado através dos dados de peso e estatura, bem como o peso do escolar ao nascer, foram obtidos por questionário autorreferido respondido pelos pais. Foram considerados fatores de risco cardiometabólicos dos escolares os seguintes parâmetros: IMC, circunferência da cintura (CC), pressão arterial sistólica e diastólica, colesterol total e as frações HDL e LDL, triglicerídeos e glicemia. As análises estatísticas foram realizadas no programa SPSS 20.0 através de modelos lineares generalizados. Foram avaliados os valores médios e tamanho de efeito, considerando diferenças significativas para p ⤠0,05. Foram encontrados os seguintes resultados: o IMC da mãe apresenta um efeito de 4,6% (p<0,001) sobre o IMC e 4,3% (p<0,001) sobre a CC do escolar. O IMC do pai apresenta efeito semelhante sobre o IMC (4,0%; p<0,001) e sobre a CC (3,2%; p<0,001). O peso ao nascer do escolar teve um efeito menor, mas significativo, sobre os dois parâmetros antropométricos avaliados (0,8% para o IMC e 1,0% para CC). De forma geral, o IMC dos pais, juntamente com o peso ao nascer do escolar, apresentam um efeito de 9,9% (p<0,001) sobre o IMC e 8,3% (p<0,001) sobre a CC. Não foi encontrado efeito do IMC dos pais e do peso ao nascer com os demais fatores de risco cardiometabólicos. Assim concluimos, então, que, apesar de pequeno, o efeito do IMC dos pais e do peso ao nascer do escolar é relevante no desenvolvimento da obesidade infanto-juvenil, uma vez que a obesidade é uma patologia de origem multifatorial. Sugere-se a realização de novos estudos que avaliem aspectos do estilo de vida dos escolares e de seus pais.
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