EXCESSO DE PESO, PRESSÃO ARTERIAL E INDICADORES BIOQUÍMICOS DE ESCOLARES: RELAÇÃO COM O DESLOCAMENTO ATÉ A ESCOLA

DEBORA TORNQUIST, CÉZANE PRISCILA REUTER, LUCIANA TORNQUIST, MIRIA SUZANA BURGOS

Resumo


O deslocamento ativo à escola vem sendo considerado uma importante fonte de atividade física diária. Já a atividade física está associada com um perfil protetor ao desenvolvimento de fatores de risco cardiovascular, em crianças e adolescentes. O presente estudo objetiva verificar possíveis diferenças no excesso de peso, pressão arterial e indicadores bioquímicos de escolares que se deslocam de modo sedentário à escola e daqueles que se deslocam de maneira ativa. Foi feito estudo transversal realizado com 1743 escolares, de ambos os sexos, com idades entre 7 e 17 anos, alunos de 19 escolas do município de Santa Cruz do Sul, RS. Os dados foram coletados através de questionários respondidos pelos alunos, avaliação antropométrica e medidas da pressão arterial. Foi realizada coleta sanguínea para avaliação dos indicadores bioquímicos (glicose, triglicerídeos, colesterol total, LDL e HDL). A análise estatística foi realizada no programa SPSS 20.0. Utilizou-se estatística descritiva e o teste do qui-quadrado para avaliar diferença entre os grupos (p ⤠0,05). A análise de variância (ANOVA de um fator) foi adotada para comparar as médias de cada avaliação por tipo e tempo de deslocamento (p ⤠0,05) e o post hoc Tukey, para discriminar os grupos em que as diferenças ocorreram. A prevalência de deslocamento ativo entre os escolares foi de 48,0%, sendo significativamente mais ativos o sexo masculino (50,5%), as crianças (52,9%), os alunos da rede pública (49,9%) e da zona urbana (67,1%). Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos por tipo e tempo de deslocamento, para o IMC, %G e HDL. O grupo que se desloca passivamente até a escola apresentou média estatisticamente superior aos grupos ativos, nos níveis de glicose (p < 0,001 para todos os grupos) e LDL (p < 0,001 para < 10min e de 10-20min e p=0,008 para > 20min). Para a pressão arterial sistólica, os alunos que despendem menos de 10 minutos no deslocamento apresentaram média estatisticamente inferior aos demais grupos (ativo de 10 a 20min: p=0,036; ativo > 20min: p=0,011 e sedentário: p=0,008). Já nos resultados da pressão arterial diastólica, os escolares que se deslocam ativamente por menos de 10min apresentaram média significativamente inferior aos que despendem mais de 20min (p=0,012) e os que se deslocam de modo sedentário (p=0,032). No que se refere aos triglicerídeos, observou-se que o grupo que leva até 10 minutos no deslocamento até a escola apresentou média estatisticamente inferior ao grupo de deslocamento sedentário (p=0,039). Os escolares apresentaram baixa prevalência de deslocamento ativo, sendo que menos da metade dos alunos relatou ir à escola a pé ou de bicicleta. Quanto às variáveis de peso, pressão arterial e indicadores bioquímicos, o grupo que se desloca de modo sedentário diferiu significativamente dos demais nos níveis de glicose e de colesterol LDL, com resultados mais insatisfatórios. Outras diferenças foram encontradas entre os grupos para a pressão arterial, em que o grupo que despendia menos de 10 minutos no deslocamento obteve índices inferiores ao grupo > 20 minutos e de deslocamento sedentário, para pressão diastólica; e a todos os grupos para a sistólica. O grupo que se desloca de modo sedentário apresentou índices de triglicerídeos estatisticamente superiores ao grupo que despende menos de 10 minutos no deslocamento.


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