O trabalho, por seu valor essencial à vida humana, é percebido como atividade estruturante do ser social, apoiado no conhecimento que proporciona e na relação dos seres humanos com o ambiente e com os demais, estabelecendo a interação social. Neste contexto, ao pensarmos no processo de trabalho em saúde, consideramos que este transcende o cuidado ao corpo para a produção da saúde, mas compreende elementos objetivos e subjetivos que circundam a construção do processo de trabalho dos profissionais envolvidos no cuidado. Nesta perspectiva, esse estudo objetiva elencar as atividades desenvolvidas por trabalhadores da área da saúde de 13 municípios pertencentes à 13ª Coordenadoria Regional de Saúde/RS e suas percepções acerca das facilidades e dificuldades na organização do seu cotidiano de trabalho. Como recorte da pesquisa "O processo de gestão do trabalho e de Educação Permanente em saúde dos trabalhadores que atuam no SUS no âmbito da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde/RS", desenvolvida pelo "Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde (GEPS)", da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), constitui-se de um estudo exploratório-descritivo, do tipo qualitativo, sendo os dados coletados em 2012, a partir de formulário autoaplicável a 300 trabalhadores que atuam em diferentes setores das secretarias municipais de saúde. Os dados foram analisados por Análise de Conteúdo (BARDIN, 2010). O estudo encontra-se aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC, sob protocolo 7054/11. Em relação às atividades desenvolvidas pelos trabalhadores de saúde, predominam as ações assistenciais, seguidas das ações de educação em saúde e das atividades administrativas, incluindo-se nessa última categoria a gestão e coordenação dos serviços. Quanto às facilidades percebidas pelos trabalhadores, há uma diversidade de fatores, tendo destaque a boa relação entre a equipe de trabalho, apontando o apoio mútuo entre seus componentes. Destaca-se, ainda, como aspectos facilitadores no desempenho das atividades, a experiência profissional do trabalhador, os cursos de capacitações/especializações realizados, o trabalho interdisciplinar, os materiais adequados para o desempenho dos trabalhos e a boa receptividade dos usuários. Quanto aos fatores que dificultam o desempenho das atividades dos trabalhadores, o estudo aponta a escassez de recursos financeiros para os serviços e ações em saúde, o excesso de atividades de trabalho na relação com o reduzido quadro de funcionários, a precariedade na infraestrutura do local de trabalho e o pouco incentivo por parte de gestores e coordenadores para atividades de aperfeiçoamento profissional, como as capacitações. Torna-se importante considerar esses fatores de organização dos processos de trabalho em saúde apontados, a fim de aprimorá-los, estimulando o bem-estar desses trabalhadores, promovendo consequentemente a qualificação dos serviços.