O estilo de vida influencia diretamente em algumas condições patológicas, agravando-as ou mesmo sendo o principal fator desencadeante de tais patologias, principalmente com a presença da obesidade. As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), associadas à obesidade, como os problemas do aparelho circulatório, diabetes e dislipidemias, são exemplos de agravos que estão ligados ao estilo de vida. Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que as DCNT já são responsáveis por 58,5% de todas as mortes ocorridas no mundo, constituindo um sério problema de saúde pública, acometendo também os trabalhadores. O objetivo deste estudo é analisar a ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis, tanto individuais como familiares, e fatores relacionados a essas patologias em trabalhadores rurais da agroindústria do município de Vale Verde, integrantes da microrregião Sul do Vale do Rio Pardo.Trata-se de pesquisa transversal descritiva, enfocando as variáveis indicativas da presença de DCNT. Os dados apresentados são parciais e integram o projeto "Triagem dos fatores de risco relacionados ao excesso de peso em trabalhadores da agroindústria usando novas tecnologias analíticas e de informação em saúde". As coletas foram realizadas por meio de questionário, subdividido em blocos, sendo eles: a) identificação e indicadores sócio econômicos; b) organização do cotidiano; c) atividades físicas e desportivas; d) indicadores de saúde; e) padrão antropométrico e de consumo alimentar. Os dados selecionados para este estudo foram do bloco 'd', em que foram questionados aspectos sobre doenças pessoais e familiares, com opção de resposta dicotômica (sim; não), sendo posteriormente tabulados e analisados no software Statistical Package for Social Science (versão 20.0), através de frequência e percentual. Foram sujeitos 19 trabalhadores, sendo 12 (63,2%) do sexo feminino, com idades entre 39 e 70 anos, com idade média de 50,05 (DP 9,390) anos. Os dados indicam que, em relação às doenças pessoais, elas ocorreram - por ordem decrescente - hipertensão arterial (n=7; 36,8%), excesso de peso (n=5; 26,3%), alteração de colesterol (n=4; 21,1%), diabetes e gastrite (n=3; 15,8% cada), problemas cardíacos (n=1; 5,3%). Oito sujeitos (42,1%) relataram possuir outros problemas de saúde, enquanto que 5 sujeitos (26,3%) referiram não possuírem nenhuma patologia. Todos negaram alterações nos triglicerídeos, úlcera nervosa e câncer. Em relação às doenças familiares (pai, mãe, irmãos e filhos biológicos), foram relatados casos de hipertensão arterial (n=12; 63,2%), câncer, acidente vascular encefálico, colesterol elevado e diabetes (n=5; 26,3 cada), infarto e doenças circulatórias (n=4; 21,1% cada), e apenas dois (10,5%) relataram obesidade. Os resultados apontam, como se pode observar, que a presença de DCNT foi relevante neste segmento de trabalhadores, bem como em seus familiares, mesmo sabendo que dados autorreferidos podem ser subestimados pelo desconhecimento do entrevistado. Ao considerar que a maioria dessas patologias são decorrentes de fatores modificáveis no estilo de vida, torna-se necessária a conscientização desta população quanto ao risco que representa a obesidade e suas comorbidades.