AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS SÉRICOS DE VANCOMICINA EM PACIENTES INTERNADOS EM UM HOSPITAL DE ENSINO DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL

MONICA BASSO ZANOTTO, PATRÍCIA RAQUEL WAPPLER , PEDRO ALVES D'AZEVEDO, JANINE DE MELO RAUBER, ANDREIA ROSANE DE MOURA VALIM

Resumo


A vancomicina é um antibiótico glicopeptídeo muito efetivo em infecções graves por bactérias Gram positivas. Foi introduzido na prática clínica em 1958, contudo, sua utilização em larga escala iniciou-se com o surgimento de infecções por estafilococos resistente à meticilina (MRS). A vancomicina age inibindo a síntese da parede celular bacteriana, impedindo o acoplamento dos polímeros de peptidoglicano. A vancomicina está disponível apenas para uso parenteral, sendo administrada por via endovenosa, normalmente na dose de 15-20 mg/kg, baseada no peso atual do paciente, sendo administrada a cada 8-12 horas para pacientes com função renal preservada. Estudos demonstram que a vancomicina requer monitorização durante seu uso, uma vez que pode causar nefro e ototoxicidade. Além disso, o antibiótico necessita atingir níveis mínimos séricos (10-20 µg/mL) para alcançar efetividade terapêutica. O objetivo do trabalho foi avaliar o monitoramento sérico de vancomicina e o desfecho clínico em pacientes internados em um hospital de ensino da região central do Rio Grande do Sul. As coletas foram realizadas após 72 horas do início do tratamento, 30 minutos antes da administração do antibiótico. Os prontuários dos pacientes também foram analisados a fim de identificar o perfil epidemiológico dos usuários de vancomicina. Foi realizada a monitorização do uso da vancomicina durante 12 meses. Neste estudo, foram incluídos 49 pacientes, sendo 22 destes recém-nascidos (44,9%). Foi encontrada uma média de idade de 25,86 anos, com prevalência do sexo masculino (61,2%). No período, foram realizadas 84 dosagens séricas de vancomicina, totalizando uma média de 1,71 dosagens por paciente. A concentração sérica média de vancomicina foi de 17,04 µg/mL, sendo 0,24 µg/mL a concentração mínima e 61,32 µg/mL a máxima. Apenas 22,6% das dosagens permaneceram na faixa ideal (10-20 µg/mL), enquanto que 42,9% permaneceram abaixo e 34,5% acima da faixa ideal. Foram verificadas 41 dosagens de creatinina sérica nos prontuários destes pacientes, obtendo-se uma média de 1,39 mg/dL, resultado acima do valor de referência (0,6 a 1,3 mg/dL). Não houve correlação entre os valores de creatinina e os níveis séricos de vancomicina. Observou-se que a dose mais frequente para neonatos foi 15mg/kg (55,2%) seguida de 10mg/kg (41,4%), enquanto que em adultos, foi de 1g (52%). Após o tratamento, verificou-se que 78,7% dos pacientes tiveram alta. Não houve relação entre os níveis séricos de vancomicina, bem como de creatinina sérica, e o desfecho (alta ou óbito). Considerando que a maioria dos tratamentos com vancomicina foi empírico, isto é, sem confirmação de infecção por bactérias Gram positivas, a ausência de relação com o desfecho pode ser justificada. Concluímos que os níveis séricos do antibiótico devem continuar sendo monitorados a fim de obter maiores informações e casos clínicos para avaliação do seu efeito. Além disso, o acompanhamento torna-se importante uma vez que a maioria dos pacientes, independente de sexo e de idade, não atingiu valores séricos adequados de vancomicina.


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