AVALIAÇÃO DE A1C E GLICOSE POR DRIFTS: UMA NOVA ABORDAGEM ANALÍTICA PARA DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS

VITOR ESTEVAM SEVERO, CYNTHIA CAETANO, JORGE HORTA, MÍRIAM BEATRIS RECKZIEGEL, HILDEGARD HEDWIG POHL, VALERIANO ANTONIO CORBELLINI

Resumo


O Diabetes Mellitus (DM) inclui um grupo de doenças metabólicas caracterizado por hiperglicemia, resultante de disfunção na secreção de insulina e/ou em sua ação e, atualmente, cursa como uma epidemia com projeções globais. O diagnóstico de DM é rotineiramente definido com base na avaliação da glicemia de jejum que caracteriza os pacientes como euglicêmicos (70-99 mg/dL), pré-diabéticos (100-125 mg/dL) e diabéticos (maior que 126 mg/dL). Um segundo marcador utilizado é a hemoglobina glicada (A1c), que informa a persistência da hiperglicemia nos últimos 4 meses e a repercussão com possíveis complicações futuras. A quantificação desses parâmetros é feita por métodos enzimáticos associados à espectroscopia de absorção molecular no visível, ou ainda cromatográficos. Entretanto, novas tecnologias analíticas estão sob constante investigação visando à agilidade nos resultados e ao baixo custo operacional. A espectroscopia de absorção molecular no infravermelho com Transformada de Fourier (FT-IR), associada à análise multivariada, tem surgido como uma alternativa nesse contexto. Com esta metodologia tem sido possível obter dados de quantificação rápida, barata e simultânea de componentes bioquímicos oriundos de fluidos biológicos. Dessa forma, o presente estudo buscou avaliar a FT-IR, através da técnica de reflectância difusa (DRIFTS), para quantificar glicose e A1C em um grupo de indivíduos adultos. Foram incluídos no estudo indivíduos oriundos de ambulatórios do Hospital Santa Cruz, de ambos os sexos, com idade entre 18-59 anos, com glicemia de jejum entre 100-126 mg/dL e/ou teste oral de tolerância a glicose com 75 g igual ou superior a 140 e inferior a 200 mg/dL, além de voluntários que não pertenciam ao grupo anterior. Coletas sanguíneas foram realizadas através de punção venosa antecubital após 12 horas de jejum. Glicose e A1C foram dosados por métodos de referência. Triplicatas de alíquotas de 5 µL de sangue sem anticoagulante foram misturadas com 150 mg de KBr, liofilizadas por 2h15 min, analisadas em espectrômetro Spectrum 400 FT-IR/FT-NIR Spectrometer (Perkin Elmer®), laser HeNe de 633 nm, com acessório para espectroscopia de reflectância difusa no infravermelho (Pike Technologies, Madison) com Transformada de Fourier na faixa de 4000 a 600 cm-1, 4 cm-1 de resolução e 16 scans. Os espectros foram adquiridos em absorbância, normalizados, convertidos em extensão *. CSV, organizados em planilha Microsoft Office Excel 2010 e submetidos à análise de regressão multivariada via método dos Mínimos Quadrados Parciais (PLS), com transformação de correção de espalhamento de luz (MSC) e pré processamento auto-escalado em software Pirouette 4.0 (Infometrix). Os modelos de calibração foram otimizados utilizando como critério o valor de coeficiente de correlação R² acima de 0,99 e o menor valor de erro quadrático médio padrão de validação cruzada (RMSECV). O estudo foi composto por 46 pacientes de 32 a 59 anos, com valores glicêmicos de jejum de 71,67 a 135 mg/dL e de A1C de 5,3 a 7,2 %. O modelo PLS-DRIFTS para glicemia de jejum o apresentou RMSECV=1,37 mg/dL e R²=0,995 e para A1C, RMSECV=0,06% R²=0,993 sem exclusão de amostras e usando a faixa de 4000-2401, 2300-600 cm-1. A partir do estudo realizado foi possível concluir que FT-IR associada à análise multivariada se mostrou adequado para predizer os parâmetros bioquímicos de glicose e A1c de jejum com um erro mínimo, atendendo os requisitos analíticos da ANVISA para quantificação destes parâmetros.


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