UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE EXCLUSÃO SOCIAL NO TERCEIRO MUNDO SEGUNDO OS CONCEITOS DE AMARTYA SEN (2010)
Resumo
A globalização aproximou e interligou o mundo de uma forma ímpar, proporcionou a troca de culturas, o comércio mundial e o câmbio de informações. Entretanto, também tornou públicas inúmeras situações desagradáveis que, outrora, só eram percebidas em um ambiente limitado (uma cidade, um estado, um país). Assim, o presente resumo tem como objetivo traçar um breve perfil da exclusão social no terceiro mundo segundo os conceitos do economista indiano, vencedor do prêmio Nobel de economia em 1998, Amartya Sen. Para isso, far-se-á o uso do método hipotético dedutivo. Tendo por base a leitura de livros, artigos e sites a técnica de pesquisa foi a bibliográfica. Em decorrência do fenômeno mundial supracitado, outras nações começaram a enxergar os graves problemas de exclusão social que atingiam, em maior parte, o terceiro mundo, como, por exemplo: a falta de trabalho, as condições precárias de vida, a falta de saúde, saneamento básico, educação, etc. Destarte, exclusão social pode ser definida como sendo o afastamento de indivíduos do seio de uma sociedade e dos elementos que a constituem, em especial os econômicos, sociais e culturais. Sen nos diz, no entanto, que este afastamento de determinadas pessoas para a margem da sociedade é reflexo de um fenômeno denominado inclusão injusta, que seria a inserção forçada do homem dentro de um sistema de trabalho ou modo de vida que lhe retira muito e lhe oferece muito pouco. Analisando em termos práticos temos, por exemplo, o caso de crianças que trabalham carregando pedras para caminhões no sertão do Estado do Piauí: poderíamos dizer, dentro de uma análise sociológica contemporânea, que trata-se de exclusão social, uma vez que estas crianças estão afastadas dos valores inerentes a uma sociedade globalizada e moderna que busca a proteção dos vulneráveis, ou, empregando o conceito de inclusão injusta de Sen, dizemos que estes infantes estão inseridos de forma desproporcional dentro de uma sociedade capitalista - às margens - pois naquela localidade em que habitam os recursos são escassos e a mão de obra infantil auxilia no progresso local e garante condições mínimas de sobrevivência para as famílias destes jovens, que utilizam o pouco que ganham para prover alimentos, indispensáveis a manutenção da condição de vida humana. Assim, discute-se o fato de a inclusão injusta ser menos gravosa do que a exclusão social pelo fato de que, mesmo minimamente, os injustiçados estarem aferindo frutos do trabalho, ainda que árduo, indispensáveis à manutenção da condição de vida. Afinal, se as crianças parassem de trabalhar e receber o pequeno salário, provavelmente, lhes faltaria alimento, o que seria muito pior, pois colocaria em xeque a possibilidade de sobrevivência. Então não basta apenas lutarmos para que acabe o trabalho infantil nos países periféricos, pois, se isto acontecer de uma forma isolada, poderá ser extremamente negativo. Devemos batalhar para que, junto com a extinção das chamadas inclusões injustas (trabalho infantil, boias frias, trabalhos insalubres, exploração dos empregados, etc.), venham também políticas públicas de auxílio e elevação da condição básica de vida destes povos para ensiná-los uma nova atividade que, em sintonia com os direitos humanos, promoverão um aumento real na qualidade existencial. Devemos evitar a inclusão injusta, mas mais ainda a exclusão, que afeta de forma substancial a possibilidade de manutenção da vida humana dentro do mundo globalizado em que vivemos.
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