A FORMAÇÃO DOCENTE DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA: UM ESTUDO A PARTIR DAS NARRATIVAS DE "PIBIDIANOS"

GRAZIELA RODRIGUES LUCAS, MAIRA BARTIRA KAUFMANN, CLAUDIO JOSE DE OLIVEIRA

Resumo


O presente resumo propõe apresentar e discutir os resultados parciais (2012-2013) da pesquisa Identidade e Diferença na Formação Docente, a qual está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul - PPGEdu/UNISC. A pesquisa é de cunho qualitativo e tem como objetivo geral entender e problematizar a formação docente de professores que ensinam matemática na Educação Básica, a partir das narrativas de bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). Seu referencial teórico é concebido a partir das teorizações de Michel Foucault, que possibilitam estudar os discursos da formação docente, analisando seus efeitos de verdade. Para a produção de dados, utilizamos entrevistas coletivas. O grupo dos sujeitos da pesquisa está constituído por quatro acadêmicas do Curso de Pedagogia e três acadêmicas do Curso de Matemática da UNISC, as quais atuam como bolsistas "pibidianas" em uma escola estadual de ensino médio. As sessões ocorreram em oito datas pré-programadas, com duração de 60 minutos cada uma, ressaltando que somente os sujeitos e os membros da pesquisa puderam participar das discussões. O material foi organizado com base na transcrição das entrevistas coletivas e nos registros no diário de campo. A partir do material da pesquisa analisamos a produção de três categorias estruturantes que são recorrentes nas narrativas dos sujeitos. Deste modo, temos que o foco das ações das "pibidianas" está centrado na falta e não nas possibilidades, o que se justifica pela preocupação acentuada na confecção de materiais instrucionais, no planejamento de oficinas e no desenvolvimento de atividades direcionadas aos alunos nomeados com "dificuldade em matemática", o que distanciaria o acadêmico de uma ideia de conhecimento matemático gerado na e pela cultura, ou seja, como um campo discursivo. As narrativas sugerem, ainda, que a maioria dos alunos apresenta dificuldade na matemática escolar, isto é, naquela matemática legitimada como única, universal, branca, urbana, eurocêntrica e masculina, a qual é trabalhada na sala de aula de maneira mecanizada e sem nenhuma relação com a realidade. Além disso, foram recorrentes as enunciações que abordavam a relação entre teoria e prática, o que demonstra a existência de um diálogo entre a formação que é obtida na universidade e as oficinas desenvolvidas no Programa. Assim, problematizamos o PIBID como um espaço de relações de poder que promovem a regulação e normalização no sentido de instrumentalizar os futuros professores. Ao pensarmos nas experiências vivenciadas pelos acadêmicos no PIBID, é possível inferir que elas instituem verdades sobre a formação docente de professores que ensinam matemática.


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