IMIGRANTES AÇORIANOS, ALEMÃES E SEUS DESCENDENTES NA REGIÃO VALE DO TAQUARI: OCUPAÇÃO DO ESPAÇO RURAL E CARACTERÍSTICAS SOCIOCULTURAIS

EVANILSON DE MORAES, NICOLAS DAL MAGRO DA SILVA, VALDIR JOSÉ MORIGI, JULIA ELISABETE BARDEN, LUÍS FERNANDO DA SILVA AROQUE

Resumo


A Região Vale do Taquari constitui-se de um território de rica diversidade sociocultural resultante de intenso processo de imigração, principalmente nos séculos XVIII e XIX. Este trabalho insere-se no Projeto de Pesquisa "Desenvolvimento econômico e sociocultural da Região Vale do Taquari/RS: determinantes, dinâmicas e implicações" e tem por objetivo estudar a ocupação dessa região por grupos étnicos açorianos, alemães e seus descendentes e as continuidades e transformações ocorridas no âmbito sociocultural ao longo do tempo. A metodologia consiste em uma abordagem qualitativa com análise de conteúdo para os dados obtidos na revisão bibliográfica, nas entrevistas orais e nos diários de campo com produtores rurais residentes nas microrregiões sul, centro e centro-oeste da Região Vale do Taquari. Como resultados preliminares, baseado em referenciais teóricos de autores que estudam imigração, cultura e etnicidade, constata-se as dificuldades enfrentadas pelos primeiros colonizadores desta região frente ao ambiente hostil do território desconhecido e praticamente inexplorado. As dificuldades enfrentadas por estes primeiros imigrantes açorianos e alemães que se instalaram na região é endossada pelos relatos de seus descendentes, os quais são unânimes em declarar o quão melhor consideram a sua vida quando comparada a de seus antepassados. A melhoria de qualidade de vida deve-se principalmente à redução do trabalho braçal proporcionada pela mecanização do meio rural nas últimas décadas. Observa-se que a forma encontrada por ambos os grupos étnicos para driblar as dificuldades assemelha-se, sendo os mutirões para a derrubada da mata e a colheita das plantações a forma de trabalho adotada. No entanto, no decorrer do tempo, as culturas foram resignificando-se e atualmente apresentam divergências significativas. Exemplo na comparação entre descendentes de açorianos e alemães é a festa tradicional dos dois grupos. Os imigrantes açorianos possuíam dentre as festas típicas o Terno de Reis, costume que foi passado de geração em geração, mas acabou se alterando nas últimas décadas, perdendo adeptos por falta de interesse das gerações mais recentes. Atualmente encontra-se minimizado, embora seja lembrado com entusiasmo por aqueles que tiveram a oportunidade de vivenciar tal prática. Entre os descendentes de alemães, o Kerb representa uma comemoração tradicional, tendo surgido como festividade em comemoração à fundação de cada nova comunidade religiosa. Diferentemente do costume açoriano, esta comemoração alemã conservou-se potencializada até os dias atuais, embora tenha sofrido significativas atualizações em relação à sua forma original, especialmente no tocante aos dias de duração da festividade e ao número de pessoas envolvidas. Concluindo, é possível constatar que estas semelhanças e diferenças entre as etnias açoriana, alemã e de seus descendentes, juntamente com as especificidades culturais dos demais grupos étnicos, tais como indígenas, afros e italianos, bem como as relações interétnicas derivadas desta convivência, são os fatores responsáveis pelo desenvolvimento sociocultural da Região Vale do Taquari.


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